terça-feira, 20 de outubro de 2020

Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço (ECDT) - "reforçada a sua importância" na Cimeira Ibérica da Guarda, de 10 de outubro

A ECDT, que já aqui tínhamos falado, representa o cumprimento do compromisso do Governo do Reino de Espanha e do Governo da República Portuguesa, que consta no Memorando de Entendimento assinado em 2018 na XXX Cimeira Luso-Espanhola, em Valladodid, para a definição de uma Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço.


Para alcançar as metas definidas no Memorando, são estabelecidos os seguintes Objetivos Estratégicos:
i. Garantir a igualdade de oportunidades e o livre exercício dos direitos de cidadania no quadro do desenvolvimento desta Estratégia.
ii. Garantir a provisão adequada de serviços básicos a todas as pessoas, adaptada às características do território, e aproveitando recursos de ambos os lados da fronteira.
iii. Eliminar barreiras e custos do contexto, facilitando a interação transfronteiriça e reforçando as dinâmicas de cooperação.
iv. Promover a atratividade dos territórios de fronteira, fomentando o desenvolvimento de novas atividades económicas e de novas iniciativas empresariais.
v. Favorecer a fixação de população nas áreas transfronteiriças, facilitando a instalação de pessoas, quer para residência habitual, quer temporária, apostando em novas formas de integração e vinculação que gerem dinamismo no território.
 
Para alcançar os objetivos estratégicos propostos, as ações a desenvolver serão concentradas em cinco áreas ou objetivos temáticos:
i. Mobilidade transfronteiriça e eliminação dos custos de contexto.
ii. Infraestruturas, físicas e digitais, e conectividade territorial: vias de comunicação, internet e rede móvel.
iii. Gestão conjunta de serviços básicos nas áreas de educação, saúde, serviços sociais, proteção civil ou outros em que se verifiquem vantagens na provisão conjunta.
iv. Desenvolvimento económico e inovação territorial: atração de pessoas, empresas e novas atividades. v. Ambiente, centros urbanos e cultura

São Eixos de Intervenção para uma Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço:
Eixo - Mobilidade, segurança e eliminação dos custos de contexto
- Harmonização, simplificação e eliminação dos obstáculos jurídicos e/ou administrativos à mobilidade transfronteiriça.
- Promoção da gestão conjunta em conurbações transfronteiriças.

Eixo - Infraestruturas e conectividade territorial
- Programa de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias transfronteiriças.
- Desenvolvimento de um Plano de Conectividade Digital, que forneça cobertura digital adequada - móvel e internet - no território transfronteiriço, e estabelecer as bases para o desenvolvimento de serviço 5G.

Eixo - Gestão conjunta de serviços básicos nas áreas de educação, saúde, serviços sociais, proteção civil ou outros em que se verifiquem vantagens na provisão conjunta
- Educação e Conhecimento.
- Saúde e Serviços sociais.
- Proteção Civil.
- Segurança
No âmbito deste tão importante eixo, destacamos a ação que tem como objeto “estabelecer uma rede de escolas bilingues e interculturais de fronteira, em ambos os países, promovendo projetos curriculares articulados”, que vai ao encontro do que o eB falou e defendeu - aquiaqui, aqui, e aqui -  a criação de Escola de Fronteira.

Eixo - Desenvolvimento económico e inovação territorial: retenção, atração e fixação de pessoas, empresas e novas atividades
- Promoção de ambiente de negócios favorável em setores económicos prioritários. Internacionalização de bens e serviços.
- Valorização das infraestruturas produtivas existentes na zona transfronteiriça.
- Promoção de iniciativas de turismo transfronteiriças, melhorando a qualidade e a sustentabilidade das ofertas.

Eixo - Ambiente, energia, centros urbanos e cultura
- Desenvolvimento de projetos para a proteção e melhoria de áreas classificadas transfronteiriças.
- Valorização dos centros urbanos, garantindo a proteção de seus valores culturais e a revitalização do mercado imobiliário para compra e locação.
- Desenvolvimento de projetos culturais transfronteiriços ligados ao património cultural tangível e intangível.

A governança da Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço deve basear-se em três pilares que dão forma a um modelo de multigovernança participativa:
- Uma instância de coordenação política, que reúna periodicamente a nível de Ministro ou de Secretário de Estado, para assegurar a orientação da estratégia e garantir a capacidade de ação em ambos os países para alcançar os objetivos esperados.
- Um nível intermédio assegurado pelo Grupo de Trabalho criado pelo Memorando de Entendimento entre o Governo de Espanha e o Governo da República Portuguesa;
- Um ou mais grupos de acompanhamento técnicos para questões específicas, constituído por representantes a nomear por cada um dos países.

Conforme referido no próprio enquadramento "a Estratégia constitui uma ferramenta flexível, que define as linhas gerais para dar uma resposta inclusiva orientada ao desenvolvimento territorial, criação de oportunidades e desenvolvimento de projetos pessoais, profissionais e familiares, especialmente para as mulheres e jovens, e a garantia da qualidade de vida das pessoas que residem na zona transfronteiriça, tanto nas zonas urbanas como nos seus núcleos rurais."

A ECDT constitui, pois, um ambicioso e interessante instrumento politico que vincula os dois Estados Ibéricos -  que pode ser consultado aquina sua versão integral - ficando as populações da Raia à espera que as suas ações/medidas sejam concretizadas... rapidamente! Já está com dois anos de atraso.

Sem comentários: