"Diz-nos a
História que no ano 600 a.C (antes de cristo) Thales de Mileto fez uma série de
observações sobre a eletricidade estática descobrindo, por acaso, que uma pedra
da âmbar estava atraindo pequenos fiapos de lãs e grãos acreditando que o
atrito era necessário para produzir magnetismo no âmbar, possuidor de uma carga
elétrica pela fricção. Desta propriedade observada por Mileto surgiu a palavra eletricidade
que, com o decorrer dos tempos, foi melhorando por diversos inventores
nomeadamente Benjamim Franklin descobridor das cargas negativas e positivas nos
raios verificando que tinham origem elétrica. Até que em 1854 foi criada a
primeira lâmpada por Heinrich Goebel,
aperfeiçoada mais tarde em 21/10/1879 pelo inventor Thomas Edison, cuja duração
foi de 40 horas, criando todo o sistema desde a central elétrica aos fios
condutores; desde o suporte à tomada. Foi o maior revolucionário de sempre.
Como dizia o autor, a energia elétrica é o tronco da Sociedade Industrial e
residencial, generalizando-se a partir do Sec. XIX, aplicando-a nos sectores de
iluminação, aquecimento, comunicações, computação, transporte, etc.
Chegado
aqui, depois desta pequena introdução, como foi implantada a energia elétrica
em Barrancos?
Neste
período temporal, antes e depois do invento, os nossos antepassados não
possuindo luz eléctrica iluminavam-se com o candeeiro a petróleo, candeias de
azeite, gasómetros (alimentados com carboneto de cálcio), velas, etc. até que se
foi generalizando por todo o país, com empresas empenhadas em fornecer energia elétrica
produzida por potentes geradores instalados, a grande maioria, em fábricas de
moagens, lagares, ou em conjunto. Eram empresas com outras atividades, mas
explorando a distribuição da energia elétrica. A partir de 1944, com a
publicação da Lei nº 2002, de 26/12/1944, começaram a ser criadas as centrais
termoelétricas e hidroelétricas.
Foi com espírito empreendedor, que uma família oriunda de
Almendro, Espanha, se fixa em Barrancos criando uma empresa constituída com
lagar, moagem e eletricidade, cujo nome era Ortega Perez & Cª., explorando
a rede elétrica em Barrancos desde a sua inauguração em julho de 1925 até junho
de 1945, sendo explorada posteriormente pela Câmara Municipal de Barrancos.
Entretanto pela portaria emitida pelo Secretário de Estado da Indústria de 10
de Dezembro de 1959, foi concedida, à Câmara Municipal de Barrancos, uma
comparticipação de 32.200 escudos para estabelecimento de um posto de
transformação na vila, sendo colocado nos terrenos onde hoje se situa o mercado
municipal de abastecimento, desconhecendo-se a data em que passou para a
Empresa CEAL-Cooperativa Eléctrica Alentejo e Algarve que, em 30 de Junho de
1976, com a fusão de outras empresas deu origem a hoje EDP.
Esta luz
vinha da Amareleja em MT (média tensão) e transformada em BT (baixa tensão) no
posto de transformação citado já a cargo da EDP.
Posto isto, desde 1925 até aos nossos dias, Barrancos possui
iluminação elétrica ininterruptamente, curiosamente, primeiro que a capital do
distrito, Beja. No entanto, casas havia que continuaram com a tradicional
iluminação por falta de meios, (nomeadamente monetário), face à situação
económica precária que cada família vivia.
Mas este fornecimento como se compreende, era com algumas lacunas pois nem sempre era fornecida a 100%, uma vez que os materiais que possuíam, em relação aos de hoje, eram rudimentares. Havia períodos que o fornecimento era interrompido por ½ e 1 hora, às vezes até mais, para ser reposta a normalidade. Quando algumas avarias se verificavam, lá ia o Tio André Tereno ou o Manuel Rúbio Torvisco, mais tarde o Chico Pinilha e o Manuel Francisco Fernandes (Xico Sebero), com a escada ao ombro porque carros não havia para o transporte deles e das ferramentas necessárias ao desempenho profissional que, com a sua voluntariedade, desenrascavam as avarias existentes, dentro e fora das casas, restituindo aos utentes o seu desejado conforto.
A iluminação pública, chegada às duas da madrugada, ou antes, interrompiam-na nuns disjuntores colocados nas quatro esquinas, hoje edifício do Chico Florido, e só no dia seguinte é que no início da noite tornavam a ligá-la. Muitas noites, fora e dentro de casa, faltava a luz pelos períodos atrás referido, por que a carga era de tal forma exagerada que os geradores não conseguiam aguentar apesar de não se poder utilizar lâmpadas superiores a 25 W., e uma em cada casa.
Mas este fornecimento como se compreende, era com algumas lacunas pois nem sempre era fornecida a 100%, uma vez que os materiais que possuíam, em relação aos de hoje, eram rudimentares. Havia períodos que o fornecimento era interrompido por ½ e 1 hora, às vezes até mais, para ser reposta a normalidade. Quando algumas avarias se verificavam, lá ia o Tio André Tereno ou o Manuel Rúbio Torvisco, mais tarde o Chico Pinilha e o Manuel Francisco Fernandes (Xico Sebero), com a escada ao ombro porque carros não havia para o transporte deles e das ferramentas necessárias ao desempenho profissional que, com a sua voluntariedade, desenrascavam as avarias existentes, dentro e fora das casas, restituindo aos utentes o seu desejado conforto.
A iluminação pública, chegada às duas da madrugada, ou antes, interrompiam-na nuns disjuntores colocados nas quatro esquinas, hoje edifício do Chico Florido, e só no dia seguinte é que no início da noite tornavam a ligá-la. Muitas noites, fora e dentro de casa, faltava a luz pelos períodos atrás referido, por que a carga era de tal forma exagerada que os geradores não conseguiam aguentar apesar de não se poder utilizar lâmpadas superiores a 25 W., e uma em cada casa.
* ass) José Peres Valério"
antigo posto de transformação ao tempo da CMB (hoje mercado municipal) (Foto: eB, 08-01-2020) |
local citado no texto onde se encontrava a caixa dos disjuntores nas quatro esquinas
(Foto: Arquivo, eB, 2010)
in A distribuição de energia eletrica em Portugal, de António Manuel Silva Salta |
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