"A nossa música,
o nosso mundo: bandas civis e vida social local" é o tema da Conferência Internacional, organizada pela Universidade de Aveiro e
Instituto de Etnomusicologia: Centro de Estudos em Música e Dança em
colaboração com a International Society for the Promotion and Research of Wind
Music (IGEB), que vai decorrer de 10 a 12 de outubro de 2019
Na conferência participa a prof. Dulce Simões, desenvolvendo o tema sobre a Banda Filarmónica Barranquense.
Segundo a conferencista, as bandas surgiram associadas a uma dinâmica social urbana que estabeleceu ligações a géneros musicais populares e eruditos que se influenciaram mutuamente. O dualismo terminológico que demarcou a fonteira entre o estudo da “música popular” e da “música erudita”, baseado num paradigma essencialista da cultura, obstruiu o estudo de um objecto cuja dualidade [ou bipolaridade] representou um problema epistemológico.
O carácter supostamente transgressor e promiscuo das práticas filarmónicas desafiou-me a analisar as bandas como meios de reprodução cultural e transmissão de tradições que preenchem imaginários musicais em diferentes contextos festivos, elegendo como objecto empírico a Banda da Sociedade Filarmónica Barranquense, fundada em 1899 na vila de Barrancos (Baixo Alentejo), situada na fronteira entre Portugal e Espanha. O paralelismo entre o lugar social e o objecto de estudo permite compreender que as fronteiras culturais e conceptuais não são muros intransponíveis, mas pontes que entrelaçam redes de relações sociais e práticas musicais atravessadas por experiências e expectativas de agentes que reformulam e revitalizam as bandas ao longo do tempo.
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