Francisca Agudo dos Santos, vulgo "Tia Xica Maruja", de 92 anos (Barrancos, 07/04/1927 - Beja, 07/10/2019), faleceu esta madrugada no hospital de Beja, onde se encontrava internada desde a tarde de ontem.
De acordo com a Dulce Simões, professora universitária e investigadora, autora, entre outras obras do livro "A guerra de Espanha na raia luso-espanhola – Memórias, Resistências e Solidariedades”, "foi a última testemunha da dor dos vizinhos espanhóis, que em Setembro de 1936 se refugiram na herdade da Coitadinha. A solidariedade e a coragem estruturaram a sua personalidade e orientaram a sua vida, minimizaram as dificuldades e atenuaram as perdas mais dolorosas. A esperança iluminava o seu olhar e as palavras saíam diretas e certeiras:
“Eu tenho memória daquele tempo. Era um tempo que merecia a pena escutá-lo. Tudo com boa vontade. E hoje me parece, na época que está, que quem tem tanto tinha de ter muito respeito por quem não tem. Acho que só dão respeito às loucuras e às parvoeirices, por isso o mundo não tem bom fim, assim falo eu, do pouco que sei.”
O pouco foi sempre muito, e enchia a casa que me acolheu com carinho desmedido… Ao longo de uma década partilhámos risos e lágrimas, como se nos conhecêssemos de sempre. Sem ela fico mais pobre, e ao mesmo tempo enriquecida, pelo exemplo de honradez, frontalidade, sabedoria e alegria de viver."
Até sempre, Xica Maruja! Uma Mulher simples, boa, afável, encantadora,.. valente, que ficará na história de Barrancos e na memória de muitos vizinhos espanhóis. Descanse em paz.
“Eu tenho memória daquele tempo. Era um tempo que merecia a pena escutá-lo. Tudo com boa vontade. E hoje me parece, na época que está, que quem tem tanto tinha de ter muito respeito por quem não tem. Acho que só dão respeito às loucuras e às parvoeirices, por isso o mundo não tem bom fim, assim falo eu, do pouco que sei.”
O pouco foi sempre muito, e enchia a casa que me acolheu com carinho desmedido… Ao longo de uma década partilhámos risos e lágrimas, como se nos conhecêssemos de sempre. Sem ela fico mais pobre, e ao mesmo tempo enriquecida, pelo exemplo de honradez, frontalidade, sabedoria e alegria de viver."
Até sempre, Xica Maruja! Uma Mulher simples, boa, afável, encantadora,.. valente, que ficará na história de Barrancos e na memória de muitos vizinhos espanhóis. Descanse em paz.
Tia Xica Maruja, ladeada pelo presidente do governo regional da Extremadura (Espanha) Guillermo Fernandez Vara (esq) e dois familiares dos refugiados, durante o descerramento do painel que assinala a zona do Campo de Refugiados da Coitadinha, no Parque Natureza de Noudar, em Barrancos, no dia 08/10/2016, data da celebração do 80º aniversário da partida de 1020 refugiados republicanos acolhidos nas herdades da Coitadinha e das Russianas em Barrancos, para Tarragona (Catalunha)
(Foto: Arquivo, eB, 08/10-2016)
Aditamento
A morte da Tia Xica está a ter destaque na imprensa espanhola, nomeadamente na agência EFE e no La Vanguardia (Catalunha), no El Confidencial,
7 comentários:
perdemos dois bons em pouco tempo!!! Mau! Muito mau!!!
Descanse en Paz
Descanse en paz, jamás se le podrá agradecer el esfuerzo, y consuelo hacia quienes huían de la barbarie y represión de la guerra civil española. Asin como el agradecimiento y apoyo del pueblo de barrancos hacia los refugiados.
Descanse en paz, jamás se le podrá agradecer el consuelo y apoyo y humanidad a los huidos de la barbarie de la guerra civil española, tanto a ella como al pueblo de barrancos.
É bom que fiquem documentos dos horrores e das memórias vividas por estas pessoas, tia Xica e outros que já não nos acompanham e viveram e comeram o pão que o diabo amassou e mesmo desse repartiram. Por ser talvez a última pessoa que viveu intensa e directamente episódios que não se querem repetidos, será bom que se divulgue, se bem que há publicações já feitas e em bibliotecas mas. nunca é demais. Para a Tia Xica o meu obrigado por tudo aquilo que soube transmitir. RIP
Sentidos pêsames à família, desça se em paz vizinha "tia Chica" ��
Foi sem duvida mais uma enorme perda para Barrancos, no entanto, já tivemos anteriormente outras semelhantes nas mais diversas áreas, infelizmente é a lei da vida. No último ano tivemos grandes perdas não restam dúvidas.
Quanto ao dizer que "morreu hoje a última testemunha barranquenha da guerra civil de Espanha" não é bem assim, há ainda muita gente que viveu de perto no seu dia a dia este flagelo da guerra civil de espanha, preferem é não recordar esses tempos, estão no seu direito!
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