quinta-feira, 9 de abril de 2020

Os blocos de cimento que cortam a alma - a fronteira de Barrancos/Encinasola em "tempos da COVID19"

Portugal e Espanha repuseram, temporariamente, o controlo das fronteiras terrestres, como medida de prevenção para controlo da pandemia da COVID 19. 
Como já aqui dissemos, "com a fronteira bloqueada, os trabalhadores transfronteiriços ficaram impedidos de se deslocar ao trabalho", que distava pouco mais de uma dezena de quilómetros. Agora, desde o passado dia 18 de março,  para ir ao trabalho obriga a uma deslocação (por Ficalho/Rosal de la Frontera), de mais de 150 Km. O mesmo ou mais, ainda, sucede com os trabalhadores espanhóis que trabalham em Barrancos. Tal como para os agricultores, com terrenos nos dois lados da fronteira.
A estrada de Barrancos/Encinasola, à altura da ponte do barranco de Pedro Miguel, onde fica a raia, limite geográfico de dois países, não foi "encerrada" burocraticamente, foi literalmente bloqueada com três grandes blocos de cimento, como a imagem documenta. No caso, como dizia há dias um leitor do eB, "só faltou dinamitar a ponte para fechar a fronteira", que nem nos tempos da ditadura impedia a passagem.
O corte da via não só impede a entrada/passagem de veículos e pessoas em turismo/lazer, como impediu a passagem das viaturas dos Bombeiros Voluntários de Barrancos, que por duas vezes em quinze dias, foram chamados a combater fogos em Encinasola. O apelo à missão dos BVB cumpriu-se, mas foi necessário contornar alguns obstáculos e um percurso sinuoso até chegar ao local do incêndio, onde foram recebidos com aplausos pela população. 
Barrancos, sempre soube ser solidário, tendo por isso sido reconhecido. Encinasola sabe-o, também.
Dantes, as chaves do cadeado da corrente da fronteira estavam com a Guarda Fiscal (uma) e com os Carabineiros (outra). Hoje, se chave há, onde estará?
Ponte do barranco de Pedro Miguel, raia fronteiriça
(Fotos; Cortesia leitor eB, 08-04-2020)
corte da estrada Encinasola/Barrancos no cruzamento de Aroche
(Foto: Cortesia CO, 18-04-2020)

1 comentário:

Jacinto Saramago disse...

Ao anónimo/a de 10/4, 00h46.
"mente vazia", não é de quem quer passar a fronteira, para trabalhar, porque, fazendo-o a 150 km, também pode "transportar o virus"; também não é de "quem quer fazer turismo/lazer", porque agora ninguém o faz;
"mente vazia" é de quem acredita que dinamitar a ponte ou bloquendo a fronteira, é uma "medida de saúde pública";
"mente vazia", e talvez retorcida, é de quem se imagina subido naquelas manilhas que cortam a estrada, tal padeira/o de aljubarrota, a lutar contra o coranavírus proveniente de Espanha, como se a contaminação fosse direcional.
Cpts