"Pela promoção,
defesa e valorização do Mundo Rural e das suas “Gentes”. Afirmar bem alto, com
o nosso natural orgulho, as nossas raízes, a nossa cultura e tradições, um modo
de vida, de valores e princípios, com equilíbrios sociais e em harmonia com a
natureza e as suas regras". Começa assim o manifesto oficial da
concentração agendada para dia 22 de novembro, às 15 horas, no Terreiro do
Paço, em Lisboa.
"O Portugal
Rural é para afirmar e promover. Não aceitamos a desertificação de parte do
território nacional, nem o esquecimento dos Portugueses que vivem no Mundo
Rural. O Portugal Rural não pode ser o Portugal “Coitadinho”. Não nos
resignamos!", pode ler-se.
Tudo começou no
dia a seguir às eleições legislativas de dia 6 de outubro. A 7 de
outubro, um grupo iniciado por André Grácio, um advogado de Abrantes, no
Facebook lançava uma discussão a partir da qual iria ganhar
forma a ideia de promover e de afirmar o “mundo rural”. O que começou com uma
conversa restrita entre algumas pessoas alargou-se em modo passa-a-palavra até
ser criado, às 15h52 de dia 7 de outubro um novo grupo intitulado "Juntos pelo Mundo Rural". Passadas
72h da sua criação, este grupo privado contava já com 18 mil
membros, tendo hoje mais de 25 mil.
O grupo reúne pessoas de várias regiões do país, do Minho ao Alentejo, e com diversas
ligações ao mundo rural. De um conjunto inicial de pessoas ligadas à caça
e à pesca (o nome inicial do grupo referia especificamente caça,
pesca, tradições e interioridade), o grupo alargou o leque a
atividades como a agricultura, a pecuária, a apicultura, a canicultura, a
tauromaquia e a columbofilia. O manifesto faz também referência específica ao
consumo de carne como um dos temas que quer ver defendido: "a dieta mediterrânica,
integrando o consumo de carne, e tantas outras atividades, integram os nossos
ancestrais modos de vida e a nossa cultura".
Durante algumas
semanas, as pessoas e associações envolvidas no grupo discutiram a melhor forma
e o momento adequado para fazerem ouvir a sua voz. Uma discussão que acabou por
acordar na proposta de manifestação a 22 de novembro, não junto À Assembleia da
República como chegou a ser discutido, mas no Terreiro do Paço. Um dos pontos
avaliados foi a possível infiltração de membros alheios ao grupo ou a
manipulação do mesmo, situações que os organizadores querem evitar.
"Não
aceitamos ser aculturados"
A manifestação visa
chamar a atenção para as condições de vida no mundo rural.
"Não
queremos ser ostracizados. Queremos condições que permitam continuar a viver no
Portugal longe do litoral e das áreas metropolitanas. Não reclamamos passes
urbanos, nem melhor mobilidade nas grandes cidades onde não vivemos. Queremos
discriminações positivas em algumas políticas públicas, como a fiscalidade, mas
também uma atitude cultural de respeito, de promoção e de valorização da nossa
identidade. Não aceitamos ser aculturados."
A escolha do
momento atendeu às datas de tomada de posse do novo Governo de forma a que a
manifestação tenha interlocutores. "Este é o momento, após a tomada de
posse de um novo governo, de reclamar e de exigir a concretização de políticas
públicas e de medidas que valorizem o Mundo Rural e as suas “Gentes”.
Apesar de várias
referências ao PAN e a medidas que os promotores identificam como tendo
impacto no mundo rural, o manifesto sublinha que "esta é uma concentração
legal e autorizada pelas entidades competentes e que "é também
apartidária, pacífica/civilizada e digna". "A organização desta
concentração demarca-se de qualquer mensagem reivindicativa sectorial, mas
compreende quem o fizer com educação e respeito" pode ainda ler-se.
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