sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Manifestação pelo mundo rural marcada para 22 de novembro em Lisboa

"Pela promoção, defesa e valorização do Mundo Rural e das suas “Gentes”. Afirmar bem alto, com o nosso natural orgulho, as nossas raízes, a nossa cultura e tradições, um modo de vida, de valores e princípios, com equilíbrios sociais e em harmonia com a natureza e as suas regras". Começa assim o manifesto oficial da concentração agendada para dia 22 de novembro, às 15 horas, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
"O Portugal Rural é para afirmar e promover. Não aceitamos a desertificação de parte do território nacional, nem o esquecimento dos Portugueses que vivem no Mundo Rural. O Portugal Rural não pode ser o Portugal “Coitadinho”. Não nos resignamos!", pode ler-se.
Tudo começou no dia  a seguir às eleições legislativas de dia 6 de outubro. A 7 de outubro, um grupo  iniciado por André Grácio, um advogado de Abrantes, no Facebook lançava uma discussão a partir da qual iria ganhar forma a ideia de promover e de afirmar o “mundo rural”. O que começou com uma conversa restrita entre algumas pessoas alargou-se em modo passa-a-palavra até ser criado, às 15h52 de dia 7 de outubro um novo grupo intitulado "Juntos pelo Mundo Rural". Passadas 72h da sua criação, este grupo privado contava já com 18 mil membros, tendo hoje mais de 25 mil.
O grupo reúne pessoas de várias regiões do país, do Minho ao Alentejo, e com diversas ligações ao mundo rural. De um conjunto inicial de pessoas ligadas à caça e à pesca (o nome inicial do grupo referia especificamente caça, pesca, tradições e interioridade), o grupo alargou o leque a atividades como a agricultura, a pecuária, a apicultura, a canicultura, a tauromaquia e a columbofilia. O manifesto faz também referência específica ao consumo de carne como um dos temas que quer ver defendido: "a dieta mediterrânica, integrando o consumo de carne, e tantas outras atividades, integram os nossos ancestrais modos de vida e a nossa cultura".
Durante algumas semanas, as pessoas e associações envolvidas no grupo discutiram a melhor forma e o momento adequado para fazerem ouvir a sua voz. Uma discussão que acabou por acordar na proposta de manifestação a 22 de novembro, não junto À Assembleia da República como chegou a ser discutido, mas no Terreiro do Paço. Um dos pontos avaliados foi a possível infiltração de membros alheios ao grupo ou a manipulação do mesmo, situações que os organizadores querem evitar.
"Não aceitamos ser aculturados"
manifestação visa chamar a atenção para as condições de vida no mundo rural.
"Não queremos ser ostracizados. Queremos condições que permitam continuar a viver no Portugal longe do litoral e das áreas metropolitanas. Não reclamamos passes urbanos, nem melhor mobilidade nas grandes cidades onde não vivemos. Queremos discriminações positivas em algumas políticas públicas, como a fiscalidade, mas também uma atitude cultural de respeito, de promoção e de valorização da nossa identidade. Não aceitamos ser aculturados."
A escolha do momento atendeu às datas de tomada de posse do novo Governo de forma a que a manifestação tenha interlocutores. "Este é o momento, após a tomada de posse de um novo governo, de reclamar e de exigir a concretização de políticas públicas e de medidas que valorizem o Mundo Rural e as suas “Gentes”.
Apesar de várias referências ao PAN e a medidas que os promotores identificam como tendo impacto no mundo rural, o manifesto sublinha que "esta é uma concentração legal e autorizada pelas entidades competentes e que "é também apartidária, pacífica/civilizada e digna". "A organização desta concentração demarca-se de qualquer mensagem reivindicativa sectorial, mas compreende quem o fizer com educação e respeito" pode ainda ler-se.

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