O caso de Barrancos celebra 20 anos, e só terminou em 2002 com a chamada "lei de exceção", que normalizou o costume e a tradição ancestral da corrida com touros de morte durante as festas.
Entre 1997 e 2001, as tradicionais festas de Barrancos eram o centro mediático nacional e, por vezes, internacional. Horas e horas de diretos televisivos, em especial à hora dos telejornais; manifestações dos anti-taurinos; manifestações dos "defensores dos animais"; forças policiais (GNR) , a pé, de carro e a cavalo, em todas as entradas da vila; mas também muitos apoiantes da causa barranquenha, desde inteletuais, professores universitários, a escritores, passando por jornalistas, atores, gente anónima. Muitos perceberam que estava em casa uma luta entre opositores e defensores de uma prática cultural especifica e o direito à identidade cultural própria.
O "caso" de Barrancos, como tão bem resume António Firmino da Costa, num artigo no Público, tem uma dimensão mediática. "Barrancos", enquanto "caso", começou por ser uma manifestação dos modos como os meios de comunicação contribuem decisivamente para a construção da realidade social. Enquanto "caso", o de Barrancos não tem tanto a ver com um costume local mas, de início, com a projecção mediática desse costume local. O costume local já lá estava. Passou a ser "caso" quando foi alvo de reportagem televisiva, a qual o seleccionou de entre muitos outros, lhe sublinhou certos aspectos, o desinseriu do seu quadro de existência habitual e o transportou para uma escala de visibilidade completamente diferente da do seu contexto de produção próprio."
Prevaleceu o bom-senso e hoje, 20 anos depois, a prática cultural que carateriza uma componente da identidade cultural barranquenha, persiste.
momentos antes, durante e depois das touradas (Fotos: Arquivo eB, 29/31-08-2016) |
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