Que deve fazer a Europa? Que deve fazer Portugal? Que pode fazer Barrancos?
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A imagem chocante, terrível, não há palavras para a descrever, está a ser divulgada em todos os medias nacionais e internacionais, desde quarta-feira à tarde. Resolvi também publicar a fotografia no eB, pelos mesmos motivos dos jornais: despertar as consciências, mostrar o horror e o drama de milhares de pessoas que estão a fugir de zonas de guerra (Síria, Iraque) onde o Estado sucedeu à barbárie. Mas há outra motivação. Esta de repulsa e de mágoa por, na "alegria" das nossas festas, ter ouvido alguém mal (in)formado dizer, com ironia, que "qualquer dia os temos por cá...", mirando uma das reportagens da chegada de centenas de refugiados às costas da Grécia ou de Itália. Não importa se era de Barrancos, ou não. Português, era!
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A imagem chocante, terrível, não há palavras para a descrever, está a ser divulgada em todos os medias nacionais e internacionais, desde quarta-feira à tarde. Resolvi também publicar a fotografia no eB, pelos mesmos motivos dos jornais: despertar as consciências, mostrar o horror e o drama de milhares de pessoas que estão a fugir de zonas de guerra (Síria, Iraque) onde o Estado sucedeu à barbárie. Mas há outra motivação. Esta de repulsa e de mágoa por, na "alegria" das nossas festas, ter ouvido alguém mal (in)formado dizer, com ironia, que "qualquer dia os temos por cá...", mirando uma das reportagens da chegada de centenas de refugiados às costas da Grécia ou de Itália. Não importa se era de Barrancos, ou não. Português, era!
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Daqui, de Barrancos, recordo, saíram algumas centenas de pessoas fugindo da pobreza (anos 1960-1970, e ...) tendo encontrado refúgio em França, na Alemanha ou na Suiça, entre outros países. Muitos fixaram-se naquelas paragens, sós ou levando as famílias. Outros, optaram por campanhas sazonais ou temporárias de três, seis ou até nove meses por ano! Hoje, quatro décadas depois, muitos destes nossos conterrâneos regressaram e todos contribuem com as suas pensões de reforma estrangeira para o desenvolvimento económico e social do Pais (e de Barrancos).
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Portugal, que "descobriu novos mundos" e Barrancos, um Povo, que já tem experiência em acolher refugiados (1936), não pode nem deve ficar indiferente. Uma Terra pequena, sem influência geoestratégica nem pretensões de liderar o Mundo, poderia recordar às Autoridades europeias e nacionais que, apesar das muitas limitações, talvez possa acolher, pelo menos, meia dúzia de famílias de refugiados. Esta decisão, que não poderá ser isolada, mas concertada entre a Associação Nacional de Municípios e o governo, seria certamente um bom princípio de solidariedade entre Povos para atenuar o sofrimento de milhares e milhares de pessoas que procuram a Europa, sem quaisquer garantias de acolhimento e, nalguns países, com manifestações xenófobas.
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Este drama que parece longínquo ou de ficção, que entra diariamente pela casa adentro através das televisões, muitas vezes sem nos apercebermos da proximidade, conta histórias de vida que fazem lembrar acontecimentos familiares: os refugiados da Coitadinha, de 1936; a condição de migrante dos barranquenhos; e a capacidade de mobilização que ainda possamos ter, fazendo prova de solidariedades ancestrais, que tanto gostamos de mostrar. Talvez tenhamos aqui uma oportunidade.
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Este drama que parece longínquo ou de ficção, que entra diariamente pela casa adentro através das televisões, muitas vezes sem nos apercebermos da proximidade, conta histórias de vida que fazem lembrar acontecimentos familiares: os refugiados da Coitadinha, de 1936; a condição de migrante dos barranquenhos; e a capacidade de mobilização que ainda possamos ter, fazendo prova de solidariedades ancestrais, que tanto gostamos de mostrar. Talvez tenhamos aqui uma oportunidade.
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Já agora, a criança da foto que foi encontrada numa praia turca, chamava-se Aylan Kurdide, tinha três anos, e fugia da Síria, com a família, juntamente com mais uma dezena de pessoas. Morreram todos. No jornal "Público", de 03/09/2015, podia ler-se que "tudo neste bebé é familiar. O corpo, a pele, a roupa, os sapatos. Não sabemos se esta fotografia vai mudar mentalidades e ajudar a encontrar soluções. Mas hoje, no momento de decidir, acreditamos que sim." Esperamos que sim.
Foto: retirada do El Pais, 03-09-2015 (a propósito ver e ouvir "O Menino de Sua Mãe", de Fernando Pessoa, cantado por Mafalda Veiga) |
2 comentários:
Horrivel...até deitada tinha na mente a imagem desta criança!! podia ser o filho,ou neto,ou sobrinho de qualquer um de nós.
Em que mundo vivemos,meu deus! uns com tanto e outros só com a roupinha do corpo e a vontade de sobreviver! que descanse em paz e a imagem da sua morte,um corpinho tão pequenino sem vida que esta a correr o mundo,comova os coraçoes de quem pode fazer alguma coisa para evitar estes acontecimentos.
Amém!
A imagem é na realidade horrível e muito forte, sempre que se apresente uma criança em dificuldade, não é o caso, esta simplesmente já não tem vida, os pais atiram-se a atravessar os desertos e os mares para procurarem, (vida) que muitas vezes os déspotas e caciques nos países de origem roubam.
Muitas crianças, jovens, adultos, idosos sofrem diariamente em paises em todas a latitudes deste planeta, sem que se consiga a distribuição de comida, justiça, saúde e uma equitativa distribuição daquilo que o planeta produz.
Nesta caso sou pessimista, as sociedades não estão minimamente interessadas, em igualdade, nenhuma sociedade mesmo as que se dizem mais progressistas, olham primeiro, primeiro e primeiro para o seu umbigo, pouco se importando com a solareriedade.
Ninguém vive para sempre
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