Há 150 anos, num dia como este, estaria a decorrer no cerro do Calvário a devolução ao governo espanhol, representado por D. Juan Pozuelo y Salcedo, comandante dos carabineiros de Huelva, do material de guerra trazido pelos militares revoltosos do exército espanhol, comandados pelo general Prim, que tinha sido entregues no dia anterior ao administrador do concelho, Manuel Cláudio Pulido.
O general Prim teria entrado em Barrancos, perseguido pelas tropas féis ao governo espanhol, no dia 20 de janeiro de 1866, e aqui pernoitado na casa de José Jerónimo Vasquez, abastado proprietário rural de origem andaluza.
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Em Lisboa, o acontecimento ficou registado na
sessão de 26 de Janeiro de 1866, da Câmara dos Digníssimos Pares do Reino,
através de uma notícia publicada na Gazeta
de Madrid de 23 de Janeiro[1].
Gazeta
de Madrid 23 de Janeiro de 1866
Lê-se
na Gaceta de Madrid, de 23:
"'O
ministro de Espanha em Lisboa participa ao Ministro dos Negócios Estrangeiros,
em telegrama de 22 que o governo português acabara de receber um despacho
telegráfico do governador civil de Beja, comunicando que o general Juan Prim (Conde
de Réus e Marquês de los Castillejos) se tinha apresentado às autoridades de Barrancos com o seu Estado Maior e uma força
proximamente de 600 cavalos, “declarando estar disposto a fazer entrega dos
mesmos e mais do armamento e equipamento à pessoa que para esse fim fosse
comissionada pelo governo espanhol, e que para o mais aguardava as ordens do
governo de Sua Majestade as quais cumpriria pontualmente.”
- Ministério de Guerra – “As divisões
comandadas pelos generais Zavala e Echague estão em marcha de regresso para
Madrid."'
-
Lê-se na Correspondência de España, de 23:
“Hontem
dissemos que as partidas de Tarragona estavam quase dispersas. O governo de sua
majestade recebeu hoje um despacho em que se refere a completa derrota dos
sublevados.
“
Eis aqui o despacho:
Tarragona,
23 de janeiro"
Diário
da Câmara dos Digníssimos Pares do Reino, Sessão nº 13, 26-1-1866, p. 259.
[1] O ministro de Espanha
em Lisboa participa ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, em telegrama de 22
que o governo português acabara de receber um despacho telegráfico do
governador civil de Beja, comunicando que o general Juan Prim Conde de Réus e
Marquês de los Castillejos tinha-se apresentado às autoridades de Barrancos com o seu Estado Maior e uma força
proximamente de 600 cavalos, “declarando estar disposto a fazer entrega dos
mesmos e mais do armamento e equipamento à pessoa que para esse fim fosse comissionada
pelo governo espanhol, e que para o mais aguardava as ordens do governo de Sua
Majestade as quais cumpriria pontualmente.” Diário da Câmara dos Digníssimos
Pares do Reino, Sessão nº 13, 26-1-1866, p. 259.
Diário da Câmara dos Digníssimos Pares do Reino, Sessão nº 13, 26-1-1866, p. 259. |
cerro do Calvário, Barrancos, local da entrega do material de guerra Foto: eB, 18-08-2015 |
5 comentários:
Muito bem eB isto é história que liga Barrancos a acontecimentos e que deverá constar nos nossos anais, Somos o que os nossos ancestrais nos comunicam e comunicaram, isso só nos pode dar personalidade, Parabéns e obrigado
caro Romão
Brevemente vamos ter mais notícias, Oficiais, sobre este tema. Tenho a certeza que vai gostar. É ficar atento.
Abç.
Magnifica informacion Jacinto. Enhorabuena
En mi blog trate sobre el paso del General Prim por Bodonal de la Sierra camino de Barrancos
http://noledigasamimadrequeestoyhaciendofoto.blogspot.com.es/2015/07/carta-desde-bodonal-informando-del-paso.html
Caro Jacinto Saramago aproveito para recordar que faço referência ao caso de Prim em Barrancos no livro: Frontera y Guerra Civil Española. Dominación, resistencia y usos de la memoria. Badajoz: Diputación de Badajoz, pp. 90-94.
Abraço,
Dulce Simões
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