O comboio não chegou a Barrancos e parte dos motivos que o
justificaram, na época, o desenvolvimento da industria mineira,
desapareceu em 1975 com o encerramento da última mina em atividade na nossa
região, a mina de Apariz.
O título desta notícia parece uma brincadeira, mas fiquem
sabendo os leitores do eB que
o assunto chegou a ser estudado a nível governamental, que admitiu
expressamente a possibilidade da sua construção, no âmbito do plano de
ampliação da rede de Beja, Serpa, Moura, e… Barrancos (seguindo depois por
Espanha adentro).
Há 123-125 anos, o ministro das obras públicas de então, Frederico
de Gusmão Correia Arouca, em resposta à pergunta do deputado da
região, Fialho Machado, dizia na sessão do Parlamento (Câmara dos Deputados) de
4 de julho de 1890, o seguinte: “O prolongamento do caminho-de-ferro de Pias
para Barrancos é, a meu ver, de toda a
importancia, não só pelas, considerações que o illustre deputado fez, mas por
causa, do desenvolvimento da industria mineira, que póde ser importantissima
n'aquellas regiões, e tanto que eu, antes mesmo de se apresentar no ministerio
das obras publicas um requerimento para o prolongamento do caminho de ferro até Barrancos, mandei estudar essa
linha, a ver se podia facilitar n'aquella região a exploração de similhante
industria.
Tempo depois, apresentou-se no ministerio um requerimento,
pedindo a concessão do prolongamento dessa linha, requerimento a que dei o
devido seguimento, e posso assegurar ao illustre deputado que hei de empregar
todos os esforços para que o despacho se dê bom brevidade, a fim de se poder
tomar uma resolução condigna aos desejos de s. exa. e em harmonia com o que é
de toda a justiça.” (Apêndice da Sessão do
Parlamento de 04/07/1890 – pág, 1030)
Sete anos antes, na sessão parlamentar de 30 de janeiro de
1883, o ministro da obras públicas, Hintze Ribeiro,
que depois seria presidente do governo, dizia que “se a importancia e a
conveniencia dos caminhos de ferro do sul e sueste precisassem de uma
demonstração, estava ella plena e inteira no discurso do illustre deputado”
(Mariano de Carvalho), que tinha acabado de apresentar a proposta de alteração
ao plano das linhas ferroviárias, obrigando "o governo a construir
primeiro o troço de Cazevel a Faro e os de Serpa a Pias e Pias á fronteira
(Barrancos)...."
Contudo, é interessante ler as atas dos debates da Câmara
dos Deputados de 30/04/1880 a 04/07/1890, para conhecer a política do governo
português no domínio das ligações ferroviárias e a necessidade,
"urgente", de prolongamento deste até Barrancos, por se tratar de “melhoramento da
máxima importância para os povos da margem esquerda do Guadiana”.
Um debate semelhante continua 120 anos depois, agora sobre as ligações do comboio de alta velocidade (TGV) e a sua “subjugação” às vontades e interesses europeus. A história repete-se...
Um debate semelhante continua 120 anos depois, agora sobre as ligações do comboio de alta velocidade (TGV) e a sua “subjugação” às vontades e interesses europeus. A história repete-se...
1 comentário:
Boas,
agora percebo a história que o meu avô contava: dizia, ele, que o comboio passar pela mina (de Apariz), onde tinha uma estação; a estação de Barrancos seria nas Quarelas (Canto de cima?) e daí a linha continuava para Espanha. Pensava que eram histórias, fantasias, mas lendo a notícia vejo que talvez fosse verdade, ou pelo menos, tivesse alguma pontsa de verdade.
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