Oliva de la Frontera, Espanha, inaugurou ontem o monumento de homenagem ao tenente Seixas e ao Povo de Barrancos, numa cerimónia presidida pelo presidente do governo regional da Extremadura, Guillermo Vara, com a presença do alcalde local, Victor Mainar, do presidente da câmara de Barrancos, António Tereno, e a subdelegada do governo de Espanha, na região da Extremadura. No acto inaugural participaram muitos locais, com destaque para os mais idosos, um dos quais a chorar, a confirmar com acenos de cabeça as palavras de reconhecimento e agradecimento que iam sendo proferidas pelas autoridades presentes.
O monumento, uma mão aberta sobre um monte de pedras, colocado numa praça frente à estação de autobus de Oliva, representa "la propria mano del teniente". Para o alcalde de Oliva, este monumento pretende "homenagear y agradecer el apoyo humanitário del pueblo de Barrancos e que tanto la actuación de éstos como la del teniente António de Augusto Seixas, tengan em reconocimiento oficial y el recuerdo que se merecen".
No discurso de agradecimento, o presidente da Câmara de Barrancos, António Tereno, comentou que a "mão aberta" simbolizava também a dádiva e o acolhimento, característica do Povo Barranquenho, fazendo votos para que os tristes acontecimentos de 1936 jamais se voltem a repetir. Barrancos "esteve e estará sempre do lado da justiça e pelos Direitos do Homem" (sic).
Para o presidente da Junta da Extremadura, Guilhermo Vara, esta homanegem mais do que um agradecimento pela acção de um Homem (Seixas) e de um Povo (Barrancos), constituia um acto de justiça, do qual Oliva, a Extremadura e Espanha, se sentiam devedores.
Na cerimónia, entre o povo, estava um neto do Tenente Seixas (Eliseu Valadares), que dispensou protoganismos. Muito depois de terminados os discursos e dispersado as autoridades, chegou uma filha e um outro neto do Ten. Seixas, que desta forma, discreta, se associaram à homenagem ao pai, ao avô e ao militar, que desde há mais de 70 anos convive no imaginário de muitos oliveros e extremenhos.
Autoridades politicas, espanholas e portuguesas, no momento da inaguração
Presidente da Junta da Extremadura, Alcalde de Oliva e Presidente da CM Barrancos
Presidente da Câmara de Barrancos, no discurso de agradecimento
Alcalde de Oliva, justificando a iniciativa
Presidente da Junta de Extremadura recordando os actos de coragem do Ten. Seixas e do Povo Barranquenho
O monumento...
... e a placa, recordando
Eliseu Seixas de Aguiar, neto do Ten. Seixas
11 comentários:
Depois da tempestade ....... Bem caro Jacinto, o homem pensa, pensa e pensa e no meu pensamento entre outros sai este.
Porque será que mesmo com estas estatuas, depois do 37 anos de democracia em Portugal, depois dos jovem ou menos jovem terem vivido o antes e depois, porque será que os comentaristas dos assuntos do blogue são na sua maioria ANÓNIMOS.
Será que há medos escondidos dos quais não nos apercebemos?
Terão as pessoas medo de se exporem em virtude de consequências, ou não gostam de ser analisadas.
Bem espero que no conjunto dos comentários haja assinados que tu entendes não publicar.
Caro Romão
Está "científicamente" provado. 99% dos comemtários são anónimos, neste e todos os blogues. Veja-se o caso dos cometários às notícias dos jornais on line.
Noutros casos, nem sempre o "nome assinado", corresponde ao dono do comentário. Já tive um desses casos, do qual só me apercebi em conversa informal. O pseudo assinante não era verdadeiro.
Entretanto, sou comedido na publicação dos cometários recebidos. São, esmagadoramete anónimos, mas também por que "versam" sobre assuntos que não dizem respeito à notícia ou ao blogue. Há "recados". Há insultos a terceiros; há de tudo. Dai a moderação nos comentários.
Quem tenha um blogue, tem um termómetro, vai conhecendo a temperatura ambiente.
Finalmente, acrescentar, que é sempre um prazer receber comentários assinados, muito dos quais com a indicação de "não publicar" ou com notícias para explorar.
Sobre o post, acrescentra, que foi muito gratificante ter estado presente. Pena, que tenhamos sido poucos. A Homenagem era para o POVO BARRANQUENHO e foi muito emocionante ouvir palavras de elogio, de conforto,de agradecimento das autoridades espanholas, em especial do presidente da junta da Extremadura, mas também do alcalde de Oliva. São pessoas com muita sensibilidade e conhecimento dos assuntos. Valeu a pena participar.
Tenho recebido vários comentários espanhóis (não publicáveis), de apreço a Barrancos e aos Barranquenhos.
Abç.
Jacinto Saramago
Comecei a visitar Barrancos e a herdade da Coitadinha desde o início dos anos 80. Na altura, de mochila às costas e a pé ou à boleia desde Safara, fiquei a conhecer bem a região mas pouco aprendi da sua história durante a guerra civil espanhola. Apenas há alguns meses, quando comprei no posto de turismo local o livro “Barrancos na encruzilhada da Guerra Civil de Espanha” tomei conhecimento da coragem e altruísmo do tenente Seixas, que de imediato comparei a Aristides Sousa Mendes ou a Oskar Schindler.
Tenho pena que nada assinale os locais onde estiveram acampados os refugiados espanhóis ou que não seja visível para quem visita Barrancos qualquer referência à memória desses acontecimentos. Desejo apenas que este ”esquecimento” durante os últimos 36 anos seja rapidamente corrigido, mais não seja por respeito aos descendentes dos tenentes Seixas e Oliveira Soares.
Caro JOão Carlos Claro. Este "esquecimento" ficará ultrapassado brevemente,com a inauguração de um memorial, que, consta, está a ser preparado pela Câmara local.
Cpts.
Jacinto Saramago
Caro jacinto Saramago
Obrigado pelo esclarecimento e um bem-haja ao povo de Barrancos.
João
concordando com a homenagem, algumas perguntas feitas aqui do Porto:
o tenente seixas tinha casa em barrancos? alguma vez morou no concelho de barrancos? onde estava situado o posto do qual o dito tenente era o comandante do posto? de onde era nataural o cabo Rosa "comandante" do posto das russianas por altura dos "feitos" louváveis do tenente seixas? Foi só ele? Quem conheceu o cabo da Guarda Fiscal Francisco Rosa ? Alguém sabe porque é que o dito cabo foi penalizado com um mês de detenção e obrigado a permanecer na sua casa do Sobral?
Parabéns a Barrancos apesar dos pesares.
o velho carlista
os bloges são feitos não para o detentor do dito se mostrar par para haver uma interligação entre o emissor e o receptor.gostei deste bloge quer pela estructura como pelo conteúdo. não percebi se foi recepcionado o meu comentário à visita do p.r. será que ficou demasiado sensibilizado' ou os comentários são só publicáveis os concordantes com a "linha redactorial"? por este caminho que espero que não trilhe o blogue morre e fenece.não sou anónimo o meu nome é velho carlista conforme consta no mail sou de safara e vivo há alguns anos no Porto.mas ainda aí estive (em safara,moura, sobral e barrancos) entre os dias 6 e 16 de abril.estou informado e tenho interesses e afinidades familiares nestas terras da margem esquerda do guadiana. mais uma vez um bom 1º de maio e um péssimo domingo.
velho carlista
Caro Senhor, mereceu-me a maior interesse o seu comentário sobretudo pelo nome do cabo Francisco Rosa não constar do inquérito militar que originou a penalização do tenente Seixas. O tenente Seixas era o comandante da secção da Guarda Fiscal de Safara (1933-1936),onde residia com a sua família no respectivo posto. Agradecia que me contactasse directamente, porque todas as informações que tenha sobre o cabo Rosa são preciosas para o meu trabalho de investigação.Com os melhores cumprimentos.
Dulce Simões (antropóloga)
Caro "velho Carlista",
para poder ser contactado por mim ou pela Prof. Dulce Simões, autora da investigação sobre os REfugiados de Barrancos, agradeço que deixe o seu contacto (tmv, mail ou postal), num comentário, que não publicarei.
Toda a informaçáo sobre o assunto é de interesse.
Cpts.
Jacinto Saramago
meus caros os trabalhos de investigação devem basicamente para além das qualidades intrinsecas dos seus autores às fontes orais e escritas. não se pode nem deve avançar para um trabalho seja dissertação ou tese com ideias feitas.aparece sempre alguma coisa que deita por terra as nossas teorias e lá se vai pelo cano meses e anos de investigação.sei o que isso é apesar de felizmente não ter sucedido comigo.gostava em primeiro lugar de saber em que fase da investigação está a dr.Dulce Simões e em que instituição ela está a ser desenvolvida. a minha ligação umbilical é de momento com a FLUP e o IEduc. os meus interesse de investigação foram e continuam a ser a ARTE e o seu ensino principalmente as academias e escolas de belas artes por isso não estou muito habilitado para acudir ao pedido feito por V.Exas apesar de ter sido ele, Francisco Rosa cabo da GF( comandante do posto de Vale do Grou e com "jurisdição" em Russianas por tempos mais ou menos longos) quem me ensinou a ler escrever e muitas outras coisas sem importãncia nenhuma.fui em tempos abordado aqui no porto por um antigo jornalista e escritor de mérito que t.b. tratava o "tenente seixas" e a guerra civil de espanha.pedia encarecidamente se pudessem dar algumas respostas às minhas dúvidas e por arrasto que pusessem no blog as minhas intervenções sobre a visita do p.r. sobre a "belíssima pintura".é na diversidade de opiniões que o mundo avança.nem no tempo das cerejas como na avenida da salúquia para só citar dois dos muitos em que escrevo algumas cousas com algum nexo me esconderam a minha opinião.creio que foi por lapso que aqui isso aconteceu.
"por não ter comunicado ao seu comandante de secção que na área do seu posto se estava verificando a passagem de espanholas indocumentadas....e por conversa de um agente da PVDE a esse respeito.... infrinjiu os deveres 37º e 56º do artº 5º do R.D. da G. Fiscal. cinco(5) dias de detenção 19 de maio de 1935".
cumprimentos
velho carlista
Caro anónimo "velho carlista", tive o cuidado de solicitar informação complementar para analisar o assunto; pedi, também, para entrar em contacto com a Prfª Dulce Simões, sobre a qual há muita informação na internet. Vejo agora o seu (de)interesse.
Contudo, sou obrigado a prestar-lhe a seguinte informação: Os feitos do cabo Rosa (?) não se inserem na problemática da guerra de Espanha e muitos outros guardas tiveram em algum tempo idênticas experiência, noutros locais da fronteira. O que lhe posso assegurar é que o dito cabo não consta das listas de guardas do concelho de Barrancos de 1934, 1935 e 1937, porque decerto é do concelho de Moura.
Cpts.
Jacinto Saramago
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