O ressurgimento e o interesse crescente pela valorização de certos recursos naturais, reabriu perspectivas para o desenvolvimento deste sub-sector com implicações directas nas tradições e nos aspectos sócio-económicos regionais.
Em Barrancos, foi a câmara municipal, em parceria com a Universidade de Évora (UÉvora), através do seu Departamento de Zootecnia, que iniciaram em Novembro de 1989, com o apoio e colaboração da Comissão de Coordenação da Região Alentejo (CCRA), acções preliminares destinadas à realização de estudos de âmbito técnico-científico no domínio das produções tradicionais com base no porco alentejano, tendo como metas o seu ressurgimento e necessária valorização, integração e aproveitamento dos principais recursos naturais.
Com base nas experiências desenvolvidas na Herdade da Mitra (UÉvora) relativas à produção do porco alentejano em sistema de "camping" e acabamento em regime de montanheira, foram integrados trabalhos de pesquisa de âmbito tecnológico em colaboração com produtores e industriais "artesanais" de Barrancos, para o acompanhamento dos processos e técnicas artesanais de fabrico.
Tornou-se desta forma possível no decurso dos anos 1990/91 desenvolver um projecto de trabalhos necessários ao diagnóstico da situação real e das principais limitações para o incremento deste importante e vital sub-sector no desenvolvimento sócio-económico do município de Barrancos.
A demarcação de regiões ou a instituição de denominações de origem protegida (DOP), são trunfos que tendiam a ser cada vez mais utilizados pelos nossos parceiros comunitários. Normalmente a região demarcada delimita uma área geográfica de produção e a denominação de origem protegida identifica o produto com o local. Aceitando como base esta distinção a região demarcada dependia dos recursos renováveis que as suas condições de clima e solo oferecem em termos de matéria-prima e da racionalidade da sua utilização. A DOP assentava em condições de micro-clima, conhecimentos empíricos transmitidos de geração em geração e na utilização da matéria-prima envolvente, o que conduziria ao reconhecimento de um produto genuíno identificado com o local de fabrico, no caso o «presunto de Barrancos".
Realizado o estudo de caracterização do presunto de Barrancos, seguia-se uma segunda e definitiva etapa: a sua certificação como produto de excelência e de qualidade (DOP).
Durante este processo foi indispensável a visão estratégica e apoio do então presidente da câmara municipal de Barrancos, António Guerra, a colaboração técnica e logística da Universidade de Évora (Prof. Tira-Pico Nunes), do Departamento de Zootecnia e o empenho, profissionalismo e persistência da Eng. Ana Soeiro, actualmente dirigente da ex-Direcção-Geral do Desenvolvimento Regional (ou IHDRA), uma das melhores especialistas na área da qualidade e da certificação dos produtos agro-alimentares.
Posteriormente, em 1998, o ex-presidente da CMB, António Guerra, em reconhecimento pelo trabalho no domínio da certificação do presunto de Barrancos DOP, entendeu homenagear a Eng. Ana Soeiro, a quem dedicou a fábrica Boleta Barranquenha.
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