terça-feira, 7 de outubro de 2014

Contributos para a História das Festas de Barrancos - os bailes do Quintalão

"Ninguém vai aos bailes por que preferem ficar nos cafés e nos bares até que fechem!" Este é um dos lamentos que mais se houve nos comentários anónimos deste blogue ou nas conversas do dia-a-dia!
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Mas, será por causa dos cafés/bares ou dos horários alargados destes, que não "vamos" ao baile da fêra, mesmo que seja grátis a entrada ou haja uma "boa" orquestra? E nos "outros" bailes, por exemplo, do "dia 8 de dezembro", da Páscoa", do "25 de abril", dos Quintos, etc;.. vamos, ou também "ficamos" nos cafés?!
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Será de "mandar" fechar os bares e os cafés, às 2 horas, às 3 ou às 4 horas!? E se fecharem a essa hora, vamos ter bailes cheios?!
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Não pense que esta polémica é deste ano. Nem de 2013! Nem de 2010... nem sequer de 2000!! A discussão em torno dos horários dos cafés, bares ou discotecas, já vem dos anos 80 do século passado. Talvez tenha começado (?!) aquando da abertura das discotecas Parra e Talisca que, devido à sua tipologia/categoria, podiam funcionar até às 4 horas da manhã, enquanto os restantes estabelecimentos de bebidas tinham de fechar entre a meia noite e as 2 horas. Foi também naquela época que começou a ser moda (ser in) frequentar as discotecas e os bares e só ir aos bailes muito tarde, quase à hora de fechar.
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Em 1992, por exemplo, mas também durante toda a década de 90 do séc. XX, o Quintalão do Baile da Fêra abriu as portas à meia-noite em ponto e lá dentro, até às 3 ou 4 horas da manhã, só lá estavam casais de meia-idade e pessoas mais velhas. A juventude, a partir dos 15-16 anos, até aos 30 e poucos (?) estavam nas discotecas, e na Forja ou no Top, os bares a moda. O Paçeu, outro bar, neste caso com categoria dancing, que marcou uma geração, abriria uns anos depois. Às 4 horas da manhã, quando as discotecas fechavam, e os cafés/bares também já estavam encerrados, o quintalão era invadido de malta nova. A maioria, como hoje devem recordar com saudade, aproveitavam o bilhete dos pais, de vizinhos ou de conhecidos, que pediam junto ao Quintalão, mesmo à frente do porteiro (um festêro), que nada conseguia fazer!
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Daqueles anos, há diferenças.
- Dantes: A entrada nos bailes era paga. E as mesas também! Na Fêra de 1992 uma mesa, para os quatro dias, que incluía quatro cadeiras, custava 600 escudos (€ 3,00 na moeda atual). E vendiam-se todas! O bilhete do baile, se a memória não me atraiçoa, custou 500 escudos (€ 2,5).
- Agora: A entrada no baile é grátis e não se pagam as mesas, nem as cadeiras.
- Dantes: Com mais ou menos gente, a pista de dança tinha sempre pares a dançar. Por vezes estava cheia. Eram slows (para bailar devagar e agarrados..) para os mais apaixonados, eram valsas, tangos e passodobles, para os mais dançarinos, nalguns casos profissionais! As orquestras, mais ou menos conhecidas, como "Juanita Rivero e Terra" (na foto em 1984), muito famosa na época, tocavam até às 6 horas e faziam loooongos intervalos!
- Agora: Poucos são os pares a dançar e os que dançam fazem-no por tradição. Para quem vai aos bailes deve ter reparado que há pares "que fazem parte da fêra"! Já os víamos a dançar há 10, 20, 30 anos, quando ainda namoravam e continuam a dançar hoje, que já são pais e a maioria avós! As orquestras continuam a fazer intervalos longos, que aborrecem e dão cabo do baile, e deixam de tocar mais cedo.
- Dantes: O bufete do baile tinha muita procura e chegou a ser vendido (concessionado) por mais de 5 mil euros, não há muitos anos!
- Agora: Ninguém quer saber do bufete, sendo a comissão obrigada a "ficar com ele", quando muitas vezes não tem capacidade para fazer uma exploração capaz e rentável.
- Dantes: A juventude preferia as discotecas e os bares, enquanto os seus pais procuravam o baile.!
- Agora: A juventude e os seus pais (o jovens do "dantes") continuam a preferir os bares, enquanto nos bailes ficam os "avós"....
- Dantes:?!
- Agora:?!
Planta do recinto do baile da fêra de 1992
Cartaz do baile de 28-08-1984. Foto: "Em Barrancos", 199, de Rui Cunha

3 comentários:

Anónimo disse...

Jacinto estas a fazer comparação de 500 escudos que hoje são 2.5 euros, mas estas a esquecer que 500 escudos daquele tempo seriam pelo menos 15 euros, se bem recordo uma cerveja custava 50 escudos ...

Jacinto Saramago disse...

Ao anónimo/a das 06h08: Não estou a fazer comparação, mas sim a constatar um facto. O preço.

Contudo, já que falamos em comparação cá vai uma:

- um touro em 1992 custou 2000 euros (400 contos, na moeda antiga)!
- um touro em 2014 custo 1500 euros (ou menos).

A 22 anos de distância, são -500 euros/touro. Naquele mesmo ano (1992) o tabuão custava 600 escudos (3 euros). Em 2014 custou 15 euros (3 mil escudos)!!!!

IANTT disse...

Jacinto:

Que buenos recuerdos me trae la foto de la orquesta "Juanita Rivero y Terra", pues era una orquesta que todos los años iba por las fiestas de mi pueblo: Fregenal de la Sierra
saludos