terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Os cogumelos silvestres de Outono/Inverno em Barrancos

Decorreu no passado dia 4, o primeiro workshop de cogumelos silvestres de Barrancos, integrado no âmbito do Projecto RecurSus, financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu, promovido pela Câmara Municipal de Barrancos, em parceria com a Associação Barranquenha para o Desenvolvimento, a Associação de Defesa do Património de Mértola e a TTerra. Esta iniciativa contou com a participação do Grupo de Trabalho em Micologia do CEAI (Centro de Estudos Avifauna Ibérica) e com o apoio do Agrupamento de Escolas de Barrancos.
Apesar da tradição local de colheita incidir fortemente sobre algumas espécies primaveris, contou com mais de 30 participantes, interessados em descobrir as espécies de Outono, que podemos encontrar nos campos de Barrancos.
Maravilhados com a diversidade biológica que este grupo particular de seres vivos encerra, ilustrada pela apresentação introdutória à morfologia dos macrofungos (cogumelos), os participantes percorreram diferentes habitats (pinhal e montado com matos) do concelho em busca de diferentes cogumelos, mergulhados num universo de cheiros, cores e formas. 
Em alternativa ao nosso popular cogumelo "barranquenho" (Amanita ponderosa) e túbera (Terfezia sp.), que são espécies essencialmente primaveris, foram recolhidos vários Lactarius deliciosus, Lepista nuda, Tricholoma portentosum, Suillus granulatus e Boletus aereus, com interesse gastronómico e comercial.
A saída  de campo foi seguida duma apresentação sobre a ecologia e potencialidades da gestão e aproveitamento deste valioso recurso, que é negligenciado no panorama nacional da exploração dos recursos florestais.
O workshop culminou com uma deliciosa e completa degustação de cogumelos, desde a sopa de tortulhos (Boletus edulis) e trompetas (Cratherellus cornocupioides), passando pelas entradas de ovos com diversas espécies, uma caldeirada de sanchas (Lactarius deliciosus) e uma requintada sobremesa de queijo da serra com compota de pé-azul (Lepista nuda).

No final, ficou a vontade de repetir e a certeza de que os participantes nunca mais olharão a floresta como dantes, uma vez que todos ficaram com a noção de que o “mundo dos cogumelos” é extremamente rico, apresentando uma variedade incrível de formas e sabores.
Texto e fotos: Cortesia de Célia Chamorro, dinamizadora do encontro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu fui criada no campo e sempre olhei com desconfiança as espécies que encontrava nesta época do ano , como comestível só o que encontrava a partir de Janeiro que são únicos , o seu sabor é diferente dos de outras regiões.
Eu sou do tempo em que o cogumelo era apanhado para matar a fome e não para fins comerciais e era um produto desvalorizado.Os cogumelos desta época podem ser consumidos com segurança, não há o perigo de serem venenosos?
Até já
MARIA GALHOZ