Barrancos vai construir um Memorial para "relembrar e jamais esquecer, a acção solidária do povo barranquenho, mas também dos tenentes Seixas e Soares, do Cónego Almeida e do Dr. Fernandes, perpetuando a memória de todos aqueles que passaram pelos Campos de Refugiados de Coitadinha e Russianas entre Agosto e Outubro de 1936".
A informação foi dada pelo presidente da Câmara de Barrancos, António Tereno, durante a Mesa Redonda que decorreu no passado dia 25, quinta-feira, no Instituto Cervantes de Lisboa (IC), na qual foi homenageada a ação humanitária realizada pelos habitantes de Barrancos e pelos tenentes Seixas (Guarda Fiscal) e Soares (GNR), no acolhimento e tratamento prestado aos refugiados espanhóis concentrados nos campos da Coitadinha e Russianas.
A informação foi dada pelo presidente da Câmara de Barrancos, António Tereno, durante a Mesa Redonda que decorreu no passado dia 25, quinta-feira, no Instituto Cervantes de Lisboa (IC), na qual foi homenageada a ação humanitária realizada pelos habitantes de Barrancos e pelos tenentes Seixas (Guarda Fiscal) e Soares (GNR), no acolhimento e tratamento prestado aos refugiados espanhóis concentrados nos campos da Coitadinha e Russianas.
No segundo dia das jornadas "Lisboa, porto de saída", para além do presidente da Câmara Municipal de Barrancos, António Tereno, participaram Dulce Simões, Antropóloga e Historiadora e Angel Hernandez, dirigente da Asociacion Cultural Morrimer, de Llerena, Espanha. A moderar a mesa, D. Jose Mª Martín Valenzuela, diretor do IC Lisboa.
De salientar a intervenção do presidente da Câmara Municipal, pela "tomada de consciência sobre o imenso património cultural e humano que Barrancos possui, para além do Castelo de Noudar". Destaque, também, para a comovente intervenção de Dulce Simões, bem como para a palestra sobre história contemporânea do Angel Hernandez.
Terminadas a intervenções, as jornadas prosseguiram com a projeção do documentário "Os Refugiados de Barrancos", que constitui, pela qualidade de imagens, texto, fotografia e montagem, um excelente testemunho para compreender a ação e o drama do milhar de pessoas, homens, mulheres e crianças, que procuraram refúgio e obtiveram apoio e conforto em Barrancos naqueles terríveis meses de início da guerra civil espanhola.
Entre o público, que quase encheu a sala do IC Lisboa, estiveram presentes a historiadora Iva Delgado e um neto do tenente Seixas. Do grupo de barranquenhos residentes na área de Lisboa, saliento o Dr. Eduardo Carvalho, antigo presidente da Assembleia Municipal de Barrancos (2001-2004) e a Manuela Lopes, antiga colega da escola primária. De Barrancos, para além do presidente da Câmara e esposa, vieram assistir à sessão a vice-presidente da Câmara, Drª Isabel Sabino e o chefe da divisão municipal de Acção Sócio-Cultural.
A repercussão nacional e internacional destes acontecimentos, que conduziram à atribuição da Medalha da Extremadura espanhola ao Povo de Barrancos, deve-se, em grande parte, ao trabalho de alguns anónimos, mas também àqueles que, em debates como os de Lisboa, continuam a recuperar a memória histórica (ou da História).
Se o Povo de Barrancos já mereceu uma medalha da Extremadura, por que não fazer uso do regulamento municipal de condecorações, prestando homenagem àqueles, conhecidos, que contribuiram para a divulgação destes trágicos acontecimentos que estavam adormecidos na memória dos seus intervenientes e à notoriedade dos "nossos gestos em 1936", entre as quais a Dulce Simões, algumas vezes incompreendida, pelo trabalho de formiguinha que tem desenvolvido desde há cerca de 10 anos na recuperação da memória oral; a Asociación Cultural Morrimer e os seus dirigentes, pelo excelente documentário - Obra de Arte - e o seu impacto na opinião pública espanhola e portuguesa; a título póstumo, aos tenentes Seixas e Soares que, contrariando o status quo estabelecido protegeram e salvaram este milhar de pessoas; aos sobreviventes dos Campo de Refugiados de Coitadinha e de Russianas; etc; etc;...
De salientar a intervenção do presidente da Câmara Municipal, pela "tomada de consciência sobre o imenso património cultural e humano que Barrancos possui, para além do Castelo de Noudar". Destaque, também, para a comovente intervenção de Dulce Simões, bem como para a palestra sobre história contemporânea do Angel Hernandez.
Terminadas a intervenções, as jornadas prosseguiram com a projeção do documentário "Os Refugiados de Barrancos", que constitui, pela qualidade de imagens, texto, fotografia e montagem, um excelente testemunho para compreender a ação e o drama do milhar de pessoas, homens, mulheres e crianças, que procuraram refúgio e obtiveram apoio e conforto em Barrancos naqueles terríveis meses de início da guerra civil espanhola.
Entre o público, que quase encheu a sala do IC Lisboa, estiveram presentes a historiadora Iva Delgado e um neto do tenente Seixas. Do grupo de barranquenhos residentes na área de Lisboa, saliento o Dr. Eduardo Carvalho, antigo presidente da Assembleia Municipal de Barrancos (2001-2004) e a Manuela Lopes, antiga colega da escola primária. De Barrancos, para além do presidente da Câmara e esposa, vieram assistir à sessão a vice-presidente da Câmara, Drª Isabel Sabino e o chefe da divisão municipal de Acção Sócio-Cultural.
A repercussão nacional e internacional destes acontecimentos, que conduziram à atribuição da Medalha da Extremadura espanhola ao Povo de Barrancos, deve-se, em grande parte, ao trabalho de alguns anónimos, mas também àqueles que, em debates como os de Lisboa, continuam a recuperar a memória histórica (ou da História).
Se o Povo de Barrancos já mereceu uma medalha da Extremadura, por que não fazer uso do regulamento municipal de condecorações, prestando homenagem àqueles, conhecidos, que contribuiram para a divulgação destes trágicos acontecimentos que estavam adormecidos na memória dos seus intervenientes e à notoriedade dos "nossos gestos em 1936", entre as quais a Dulce Simões, algumas vezes incompreendida, pelo trabalho de formiguinha que tem desenvolvido desde há cerca de 10 anos na recuperação da memória oral; a Asociación Cultural Morrimer e os seus dirigentes, pelo excelente documentário - Obra de Arte - e o seu impacto na opinião pública espanhola e portuguesa; a título póstumo, aos tenentes Seixas e Soares que, contrariando o status quo estabelecido protegeram e salvaram este milhar de pessoas; aos sobreviventes dos Campo de Refugiados de Coitadinha e de Russianas; etc; etc;...
António Tereno (Presidente da CM Barrancos, Dulce Simões (Antropóloga), Angel Hernandez (Morrimer) e o Director do Instituto Cervantes
Participação do público
Pormenor da sala (lado direito)
Termino com a cantiga da Tia Remédios retirada da parte final do documentário “Os refugiados de Barrancos”, gravada pela Dulce Simões em 15/06/2006, que surge depois no genérico interpretada por May López Viñas (voz) e Manolo López Viñas (arranjos e interpretação musical):
Canção da Guerra Civil de Espanha
Em 36 que a Guerra foi começada.
No mês de Julho comecei esta perdida
Mas já me vejo de todos destroçada
Eu sou a triste pobre Espanha desvalida.
Eu sou a triste pobre Espanha desvalida
São os meus filhos que me têm devorado
Eu vejo além no campo a Cruz erguida
Dos corpos humanos que lá têm sepultado.
Até por fim deixarei de ser Espanha
Ou perderei este meu ser de toda a vida
Pelos flagelos dos abusos de campanha
Eu vejo além e no campo a Cruz erguida
___
Nota: Texto escrito de acordo com o novo Acordo Ortográfico.
2 comentários:
Muito bem, gesto digno de reconhecimento e de memória pois, um povo sem memória é um pouco sem história e logo sem tradições.
Mas há outros vultos que com toda a certeza não estão esquecidos e lembro-me de;
- Dr.Manuel Pelicano
- Prof.Dr Pulido Valente - Este perto de ser Barranquenho, mas que fazia questão de salientar a origem.
- Mauel Mendes, que tão bem soube escrever o quatidiano Barranquenho.
- António S. Guerra - Presidente da CMB.
- E outros que conhecemos mas que teimamos em manter no anonimato.QB
- Para estes e para outros filhos ou não de Barrancos mas, que por ele fizeram obra. não poderemos ter esquecimento como até agora se tem feito, há que ensinar na rua a nossa historia aos que nos seguem porque essa não vem nos livros do Liceu, a nossa história começa
no nosso canto e só depois passa para a Distrital ou Nacional.
- Um exemplo - talvez o leitor não saiba que o Comandante dos novos submarinos é filho e neto de Barranquenhos.
- Que o Juiz da Comarca do Seixal é filho de barranquenho.
- Pessoas ilustres como estas devem ser reconhecidas de imediato nas suas origens com orgulho.
É verdadeiramente um acontecimento que enaltece o povo barranquenho, fazendo-nos orgulhar da nossa naturalidade!
Esta parte da História da qual fazemos parte deveria ser mais abordada e explorada em termos curriculares na “nossa” escola (se é que já não está a ser! Pelo menos na minha altura não o foi o que é pena!), quem sabe em área de projecto, as outras áreas já têm conteúdos que cheguem! Até de mais!
Ainda hoje recordo com nostalgia as histórias que o meu avô contava, na primeira pessoa, lá para os lados de Murtigão e que envolviam pedidos de sacos de farinha e pão para matar a fome…Gostava imenso de poder assistir a esse documentário, será que há alguma possibilidade de ser visionado em Barrancos? Quem sabe aquando da inauguração do memorial!
bj
Amália
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