7h55 - Temperatura do ar: 23º C. Sopra uma ligeira brisa.
Na praça e na Rua da Igreja, menos gente que nos dois últimos dias, mas a mesma alegria, a mesma satisfação. Ver o encerro começa ser um vício!
O alta-voz instalado na praça debita sevilhanas que muitos acompanham com palmas; um ou outro atreve-se a uma tímida dança...
As portadas já estão fechadas. Os cabrestos ainda não passaram. Dizem que os touros (no caso um touro e uma vaca) "ainda não chegaram".
.8h06 - Soa o morteiro. De seguida o touro sobe a rua em direcção à praça. Rápido, nem ligou a quem, das varandas, queria brincadeira. Já na praça, nada de especial. Um ou outro mais afoito incita-o correndo de um lado a outro das grades, mas o novilho está mais seguro no "carêncio" dos casbrestos. Dez minutos bastam para estar dentro do encerro.
A vaca, esguia e rápida - "parece um novilho", diziam alguns - sobe a rua e a exemplo do touro não deixa nenhuma história para contar! Ninguém arrisca e a corda volta à praça para enlaçar a vaca que, sem resistência, deixa-se apanhar. Pouco depois das oito e meia já tinha terminado o último encerro de 2009.
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A praça despe-se de gente que vão à procura do café. Muitos, certamente, começam a regressar às suas casas, vão embora...
.A praça despe-se de gente que vão à procura do café. Muitos, certamente, começam a regressar às suas casas, vão embora...
18h00: Menos gente, mas a praça começa a compor-se. Às seis e meia entra a Banda a tocar. Os toureiros aguardam o passeilho.
Um pouco antes das sete da tarde, sai o touro que cai mesmo à porta do encerro. Levanta-se e, logo de seguida, mais uma queda, e outra e outra.... Nos tabuados, o público, começa a reclamar. Algo grave se passa! O touro mal consegue aguentar-se de pé. A estupefacção é geral, a começar pela Comissão de Festas. O matador ainda tenta fazer alguns passes. O touro tem dificuldade no caminhar. Assobios! Reclamações! A decisão é tomada: mata-se o touro na arena (opção pouco acertada, dado o estado de debilidade do animal) e vai-se buscar o sobreiro que, na praça das Merces, aguardava ordem de soltura para o campo. Má sorte ser sobreiro!
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Entretanto, na praça, mata-se o touro "doente", mandam-se retirar os carros estacionados na rua da Igreja e faz-se um encerro suplementar. Depois de alguma confusão, o público acalma e compreende a situação pouco comum. Nos tabuados, há muita gente a subir, outros a descer. A rua da Igreja enche-se de gente. O touro sobreiro demora. A alternativa é soltar a vaca para entreter a assistência. Assim foi! Alguma brincadeira com a vaca, um ou outro susto (copos a mais!), uma pega improvisada e, no caminho, junto à Sociedade dos Ricos, uma estocada escondida deita o bicho ao chão. Minutos depois o dumper recolhe-a, que se faz tarde.
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Já quase noite, chega o touro das Mercês. Os toureiros aguardavam na arena. Rapidamente é largado ao fundo da Rua da Igreja. Encerro extra, que provocou alguns sustos aos moradores da rua, que já tinham retitado os ferros! Já na praça, recomeça a corrida deste dia. O touro tem boa apresentação, é corpolento, mas o matador faz-lhe frente. Ao primeiro passe consegue levantar a praça! Temos toureiro, pensou a assistência! Nas badarilhas o espectáculo continuou, e o bandarilheiro teve de agradecer as palmas. No tércio final, matador e animal estiveram muito bem. Belos passes, que me abstenho de identificar por ignorância, e uma estocada certeira levaram a praça ao rubro. Torero! Torero.! Já com o touro refugiado no canto das grades, o espectáculo não foi o melhor. O pontilheiro falhou...
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Foi uma tarde estranha! Quem pensava ver um touro e uma vaca, teve um brinde e tal como numa promoção de hipermercado, paga dois e leva três... A corrida terminou eram quase nove horas da noite! O culpado: o touro estava aleijado e a lesão, comentava-se, tinha sido provocada de manhã, logo à saída da jaula! Fica a lição para o futuro.
.23h00: Como a corrida de touros terminou já noite, o espectáculo musical com “Esther Queiros”, no recinto da praça, começou tarde, cerca das onze da noite. Numa praça meio-cheia, a animadora animou um pouco a noite. Houve palmas e alguma emoção. Diz, quem assistiu, que valeu a pena, "muito melhor que a noite anteiror, com os fandangos de Huelva..."
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24h00: No Quintalão de Festas a orquestra espanhola "Formas", preparava-se para abrir o último baile da fêra, 2009, perante um recinto "composto". Menos gente que nas noites anteriores, mas com ganas de dançar e divertir-se. A orquestras não desiludiu e, pelo menos até ao primeiro intervalo, animou o Quintalão. As pausas (intervalos) longos - esta noite e nas anteriores - "acabam com o baile". Consta, quem aguentou, que às cinco da manhã ainda havia muita gente com vontade de dançar,... e de beber mais uns tintos de veranos.
Fim. Até 2010.
2 comentários:
Belo blog! parabéns amigo. Faz tempo, anos, que não consigo ir ás vossas festas. Ler o blog da-me um pouco a ideia, o cheiro do espírito da festa. Continua a postar.. :)
Olá Jacinto
Andando eu pesquisando na Net para encontrar notícias sobre a Medalha da Extremadura que Barracos merecidamente recebeu, em honra da sua solidariedade, humanidade e amizade para com o povo espanhol, seu vizinho e amigo de longa data, encontrei este blogue que me deixou fascinada pela sua descrição quase perfeita do que são os dias de feira em Barrancos.
Barrancos é isto que estas palavras tão sábiamente sabem ilustrar. Sente-se aqui o cheiro da festa. A bravura dos touros, o entusiasmo dos olés, o perigo da cornada, o calor dos dias de Verão, os cheiros das tapas. Sente-se a música nas noites de festa, o baile no quintalão e a alegria desmedida do "tinto de verano".
Barrancos é isto, nas palavras sentidas de quem as sabe dizer.
Eu senti-me em Barrancos, no meio da praça a viver a festa. Obrigada.
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