quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Portugal à lupa - município a município: o país em oito mapas*. Saiba onde está Barrancos

Da natalidade à mortalidade ou à imigração, passando pelos preços da habitação ou os níveis de rendimento, Portugal é um país de contrastes e de desigualdades. Em vésperas de eleições autárquicas, as diferenças entre interior e litoral ou entre norte, centro e sul não chegam para retratar o que distingue os 308 municípios do país.

Saiba onde está Barrancos, e confirme que, apesar da sua dimensão, em população e território, há indicadores que surpreendem pela positiva. Vejamos, o resumo da reportagem publicada no Expresso online:

1 - Natalidade, para uma população envelhecida, nascem em Barrancos 6,3 bebés, por 1000 habitantes, estando próximos da média nacional (7,9).

Nasceram 84642 bebés em todo o país em 2024. Tendo em conta a população total a residir em Portugal, são 7,9 nascimentos por cada mil habitantes, o valor mais baixo da última década, com exceção do ano atípico de 2021, muito afetado pela pandemia. A diminuição deste indicador – a chamada taxa bruta de natalidade – deve-se também ao aumento do número total de habitantes do país neste período e não apenas a uma redução da natalidade em 2024. 

Comparando os vários concelhos do país, veem-se grandes disparidades territoriais, num claro contraste entre interior e litoral. A taxa oscila entre 2,2 nascimentos por mil habitantes em Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança); e 11,8 no concelho da Amadora (Lisboa). 

2 - Imigração - talvez aqui fosse necessário mais população migrante, em especial casais jovens, com filhos. Em 2024, eram apenas 1,8% da nossa população.

No final de 2024, havia 1.546.521 cidadãos estrangeiros a residir legalmente em Portugal, segundo os dados publicados em abril deste ano pela Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). São quase quatro vezes mais do que em 2017 e representam cerca de 14% do total de residentes no país. 

Nesse ano, os cidadãos estrangeiros correspondiam a 10% do total de residentes, com uma presença muito mais acentuada no sul do país, na Grande Lisboa e na região Centro. A percentagem oscila entre os 44% de estrangeiros em Vila do Bispo (distrito de Faro) e menos de 1% num total de seis municípios do país, localizados sobretudo no norte do país.

3 - Saúde/mortalidade, é sempre preocupante, mesmo sabendo que a nossa população é envelhecida (21,9 mortes, por mil habitantes, para uma média nacional de 11,3/mil). Portugal tem uma das populações mais envelhecidas do mundo, o que afeta os padrões de mortalidade, particularmente quando comparamos municípios, dada as grandes disparidades demográficas que existem no território. 

Uma solução para evitar que a diferença entre as estruturas etárias distorça as comparações entre municípios é ajustar o indicador e calcular a ‘taxa de mortalidade padronizada’, que mostra que nível de mortalidade seria esperado se a população dos vários municípios tivesse exatamente a mesma estrutura de idades. Só assim se torna válido comparar os fatores reais de saúde entre os vários concelhos, sem estar influenciado pelas suas características demográficas. 

Em 2024, independentemente da causa, morreram 118.325 pessoas em território nacional, sensivelmente o mesmo do ano anterior. Em média, entre 2022 e 2024, o número de óbitos anual foi de 120.327. A taxa de mortalidade padronizada nesse triénio foi de 11,31 mortes por mil habitantes em Portugal, oscilando entre 21,9 em Barrancos e 9,1 em Mogadouro (Bragança).

4 - Educação - população empregada com formação superior - Da população empregada em Barrancos, 8,9% tem formação superior (media nacional de 25,8%).  Em Portugal, só um quarto da população empregada (25,8%) tinha um curso superior em 2023, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Ainda assim, apesar de não ser uma percentagem elevada, a evolução tem sido positiva: em 2015 a escolaridade ao nível do Ensino Superior só abrangia um em cada cinco trabalhadores por conta de outrem (20,3%).

As regiões autónomas têm os valores mais baixos, embora também haja municípios no distrito do Porto, como Lousada, Felgueiras e Marco de Canaveses, com menos de 10% de trabalhadores com ensino superior, além de outros como Sobral de Monte Agraço (Lisboa), Vizela e Vieira do Minho (Braga) ou Barrancos, Odemira e Almodóvar (Beja).

5 - Preço da habitação - para o nível de rendimentos, mas sobretudo para o estado/condições das casas à venda, o preço médio, 470 €/m2,  poderá estar muito abaixo da média nacional (1 845 €/m2), mas neste caso há, com toda a certeza, muita casa nova no mercado! Em Barrancos, são poucas, quase nenhuma.

Depois de uma quebra forte por alturas da crise financeira, o preço das casas (quase) não parou de subir desde meados da década passada. 

Entre os dez concelhos onde é mais dispendioso comprar casa – uma lista encabeçada por Lisboa – contam-se cinco do Algarve, região do país onde os salários são, em média, quase 20% mais baixos face aos da Área Metropolitana de Lisboa.

Já VimiosoPampilhosa da SerraArmamar Figueira de Castelo Rodrigo reportaram os valores mais baixos nas transações realizadas e são os concelhos do país (para os quais há dados) onde é mais barato comprar alojamento.

6 - Desemprego/duração média do subsídio - Em Barrancos, o subsídio de desemprego pode durar 178 dias, mais seis dias que a média nacional.

Apesar de produzir informação regular sobre o emprego e o desemprego, o Instituto Nacional de Estatística (INE) não desagrega estes dados por concelho mas há outros indicadores que dão uma ideia aproximada sobre onde ele é mais persistente. É o caso da duração média do subsídio de desemprego, calculada a partir de dados da Segurança Social.

De acordo com os últimos dados disponíveis, referentes a 2022, um desempregado recebia subsídio de desemprego durante 172 dias, em média. Em Barrancos, dura mais uma semana. Nas Lajes das FloresPovoação ou o Nordeste com um tempo médio de subsídio de desemprego de 225 dias. Era o equivalente a sete meses e meio, em média.

7 - Rendimentos - neste indicador, Barrancos ocupa a 242.ª posição em 308 lugares. Os rendimentos são um dos indicadores onde as assimetrias regionais são mais evidentes. Em 2023, o último ano para o qual há dados disponíveis, cada habitante em Portugal declarou ganhar uma média de 11.909 euros. As contas do Instituto Nacional de Estatística (INE) partem das declarações de IRS, pelo que estão aqui incluídos sobretudo pensões e salários (os declarados) que, divididos por 14 meses, apontam para 850 euros por mês.

O município com mais rendimento per capita declarado no país é Lisboa. Com a maior percentagem de licenciados do país (36,8%, segundo os Censos de 2021), quem cá vivia em 2023 tinha um rendimento médio mensal de 1345 euros (18.822 euros anuais). Em segundo e terceiro lugares aparecem Oeiras Porto, sem surpresas, mas para o quarto lugar salta Porto Santo, na Madeira, bem acima do Funchal.

No fundo da escala, o distrito de Viseu concentra os concelhos com rendimentos mais baixos por habitante. Sernancelhe é, de todos, o mais pobre – 6566 euros anuais, 469 euros por mês. Seguem-se TabuaçoResende Cinfães, no mesmo distrito, com valores pouco acima.

8 - Finanças Municipais - neste indicador, Barrancos está muito bem posicionado, tendo a sua dívida um peso residual de, apenas, 8% em relação à média das suas receitas correntes.

De acordo com o Conselho das Finanças Públicas (CFP), a dívida total dos municípios recuou 43% de 2014 a 2024 e representava, no ano passado, cerca de 38% das receitas totais.

Porém, dez municípios, num universo de 308, ainda estavam em infração da regra da dívida das finanças locais em 2024. Cartaxo, Alfândega da Fé, Freixo de Espada à Cinta, Fundão, Nordeste, Praia da Vitória, Vila Nova de Poiares, Vila Franca do Campo, Fornos de Algodres e Vila Real de Santo António ainda apresentavam dívidas 1,5 vezes superiores à média das receitas correntes dos três anos anteriores.


* Fonte/Noticia: Expresso online, consultado em 08/10/2025

Sem comentários: