"Portugal está a regressar à agricultura. Será que vale a pena?" era este o título escolhido por um jornal diário para a reportagem desenvolvida no seu suplemento dominical do dia 27 de Novembro de 2012. Mais recente, um aviso do PRODER suspendia, temporariamente, as candidaturas de novos projetos na área da agricultura e na agroindustria, por "falta de verbas".
E em Barrancos? Teremos condições para regressar à agricultura,... que nunca foi relevante na nossa terra?
A quase totalidade do território do município de Barrancos é ocupada por solos das classes D e E, com predominância desta última, composta de xistos esqueléticos de fase delgada, muito pobres e com elevado potencial de erosão, nomeadamente nas zonas mais declivosas.
A agricultura barranquenha, maioritariamente de subsistência, que predominava em Barrancos até aos inícios da década de 60 do Séc. XX, desapareceu completamente. Hoje os terrenos com algum potencial agrícola estão abandonados ou subaproveitados. Tudo o que é consumido tem de vir de fora, "até o raminho de coentros, temos de comprar na loja"!
Apesar da tipologia dos terrenos, teremos condições para sermos auto-suficientes, para comprar mais o produto local,... do "nosso campo"?
Adenda:
Este artigo, com atualizações, estava escrito há cerca de um ano, tendo sempre adiado a sua publicação, por falta de oportunidades. Resolvi não adiar mais, acrescentando o seguinte:
Em Barrancos, como em todo o Alentejo, o latifúndio predomina, tendo a pecuária como exploração dominante. O minifúndio também existe: os chamados currais, ferragiais ou pequenas parcelas (hortas) situadas na sua maioria à volta da vila. Nestes terrenos, para além do olival (oliveiras centenárias e pouco produtivas), da pecuária (sobretudo ovelhas) e num outro umas sementeiras de subsistência (favas, ervilhas, batatas, alhos, legumes, etc;) poucos são rentabilizados. Muitos estão incultos há anos ou décadas. Abandonados, também.
Entretanto, meia dúzia de pequenos agricultores - "velhos" - mantêm as suas rotinas e continuam a semear as suas hortas "para fartura de casa". Por vezes, para acrescentar ao magro rendimento, vendem o "excesso de produção" aos vizinhos, aos familiares e amigos. Com medo. Não existe uma cadeia de valor. Ao contrário da pecuária, a agricultura local nunca foi uma fonte de rendimento, mas também pouco interesse tem havido na sua rentabilização.
Nesta área, como noutras, falta em Barrancos uma estrutura - cooperativa ou associação - que, agregando os pequenos agricultores e/ou produtores tradicionais, os criadores de gado (incluindo suinicultores) fosse capaz de rentabilizar e potenciar a sua atividade, criando novas oportunidades de negócios. No fundo uma Rede de Produtores, abrangendo o artesanato e as pequenas industrias locais intimamente ligadas com agricultura e à vida rural (o chamado "saber-fazer" tradicional)
Uma outra solução que a completaria, seria a criação dum ponto de venda de produtos locais ou a sua diversificação. Neste caso, na impossibilidade de criação de lojas tradicionais, o atual Mercado Municipal de Barrancos, que já aqui dissemos que só funciona um ou dois dias na semana, reúne as condições ideais para esta solução. Neste espaço, com periodicidade a estabelecer, poderiam juntar-se os pequenos produtores agrícolas locais e vender os seus produtos (escoar os produtos). O mesmo sucede em relação aos produtos tradicionais produzidos em pequenas quantidades, tais como o queijo, o mel, os enchidos e o presunto. Seria uma forma de dinamização e rentabilização do sector (ou fileira) dos produtos tradicionais e agroalimentares, incluindo os derivados do porco preto.
Por último, e não menos importante, salientar que o comércio a retalho não sedentário de artigos de fabrico ou produção próprios, designadamente artesanato e produtos agropecuários, estão sujeito a regras simplificadas de comercialização, nos termos da Lei nº 27/2013, de 12/4, ficando dispensados de apresentação de faturas comprovativas da aquisição de produtos para venda ao público, nos termos previstos no Código do IVA.
Adenda:
cf. também a Portaria nº 74/2014, de 20/3, que estabelece derrogações e Despacho nº 294/2015-DGV.
Adenda:
Este artigo, com atualizações, estava escrito há cerca de um ano, tendo sempre adiado a sua publicação, por falta de oportunidades. Resolvi não adiar mais, acrescentando o seguinte:
Em Barrancos, como em todo o Alentejo, o latifúndio predomina, tendo a pecuária como exploração dominante. O minifúndio também existe: os chamados currais, ferragiais ou pequenas parcelas (hortas) situadas na sua maioria à volta da vila. Nestes terrenos, para além do olival (oliveiras centenárias e pouco produtivas), da pecuária (sobretudo ovelhas) e num outro umas sementeiras de subsistência (favas, ervilhas, batatas, alhos, legumes, etc;) poucos são rentabilizados. Muitos estão incultos há anos ou décadas. Abandonados, também.
Entretanto, meia dúzia de pequenos agricultores - "velhos" - mantêm as suas rotinas e continuam a semear as suas hortas "para fartura de casa". Por vezes, para acrescentar ao magro rendimento, vendem o "excesso de produção" aos vizinhos, aos familiares e amigos. Com medo. Não existe uma cadeia de valor. Ao contrário da pecuária, a agricultura local nunca foi uma fonte de rendimento, mas também pouco interesse tem havido na sua rentabilização.
Nesta área, como noutras, falta em Barrancos uma estrutura - cooperativa ou associação - que, agregando os pequenos agricultores e/ou produtores tradicionais, os criadores de gado (incluindo suinicultores) fosse capaz de rentabilizar e potenciar a sua atividade, criando novas oportunidades de negócios. No fundo uma Rede de Produtores, abrangendo o artesanato e as pequenas industrias locais intimamente ligadas com agricultura e à vida rural (o chamado "saber-fazer" tradicional)
Uma outra solução que a completaria, seria a criação dum ponto de venda de produtos locais ou a sua diversificação. Neste caso, na impossibilidade de criação de lojas tradicionais, o atual Mercado Municipal de Barrancos, que já aqui dissemos que só funciona um ou dois dias na semana, reúne as condições ideais para esta solução. Neste espaço, com periodicidade a estabelecer, poderiam juntar-se os pequenos produtores agrícolas locais e vender os seus produtos (escoar os produtos). O mesmo sucede em relação aos produtos tradicionais produzidos em pequenas quantidades, tais como o queijo, o mel, os enchidos e o presunto. Seria uma forma de dinamização e rentabilização do sector (ou fileira) dos produtos tradicionais e agroalimentares, incluindo os derivados do porco preto.
Por último, e não menos importante, salientar que o comércio a retalho não sedentário de artigos de fabrico ou produção próprios, designadamente artesanato e produtos agropecuários, estão sujeito a regras simplificadas de comercialização, nos termos da Lei nº 27/2013, de 12/4, ficando dispensados de apresentação de faturas comprovativas da aquisição de produtos para venda ao público, nos termos previstos no Código do IVA.
Adenda:
cf. também a Portaria nº 74/2014, de 20/3, que estabelece derrogações e Despacho nº 294/2015-DGV.
Couves, algures numa hortinha barraquenha
A sementeira de favas...
O laranjal. Há laranjas em Barrancos!
Enchidos de Barrancos
Ovos do campo.
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Artesanato - malas de couro |
Artesanato - cestaria de Barrancos. Fotos: Arquivo eB |
1 comentário:
Associação de criadores de porco preto existe há anos: http://www.porcopreto.pt.
Cumprimentos
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