terça-feira, 27 de novembro de 2012

As aventura de António Ramirez ou Diego Corrientes em Barrancos

Diego Corrientes Mateus (1757-1781) foi um bandolero espanhol, nascido em Utrera, Sevilha, que teve uma vida cheia e conturbada, sendo protagonista de histórias e romances na Sierra Morena, que o elevaram à categoria de herói.
Diego era um jovem trabalhador rural quando, não conformado com as injustiças e o sofrimento dos camponeses na Andaluzia, se revolta contra os senhoritos que os exploravam, refugiando-se na serra. As notícias da sua luta e rebeldia contra os exploradores do campezinato espanhol depressa se espalha pelos campos da andaluzia e tornam-no popular e acarinhado pelos camponeses pobres, aos quais, segundo se dizia, entregava o produto das suas ações. Diego roubava aos ricos para distribuir pelos pobres.
Cansado das perseguições do governador de Sevilha, D. Francisco de Bruna, que o odiava, mais por razões pessoais que por outra coisa, Diego foge para a fronteira e refugia-se em Barrancos (1781), onde passa a viver, sendo conhecido pelo nome de António Ramirez.
Aqui, em Barrancos, António Ramirez torna-se um cidadão com uma vida normal, que continuava, pela calada da noite e sem que ninguém tivesse notado, as suas atividades (incursões) de resistência com o apoio popular nas zonas limítrofes da fronteira. Perseguido pelo governador de Sevilha, provavelmente depois de uma denuncia anónima, é preso em Barrancos depois de muita resistência, com a ajuda de uma companhia de infantaria militar portuguesa, comandadas pelo capitão Arias. Levado para Sevilha foi julgado e condenado à morte. Foi enforcado na plaza de S. Francisco, sendo o seu cadáver cortado em três e, seguindo o costume da época, enviados a cada uma das províncias - Jaen, Córdova e Huelva - por donde, segundo a sentença “había hecho sus principales fechorías”. A cabeça seria exposta na Puerta de Ossário (Sevilha) e uns dias depois enterrada na abóbada da Igreja de San Roque.
Sobre os pormenores da sua detenção em Barrancos, ou nos campos de Barrancos, Jose Santos Torres, um jurista espanhol, publica a 17 de junho de 1999, no jornal “El correo de Andalucia”, um artigo “El poder manda sobre la justícia”, onde dencuncia as irregularidades praticadas pelas autoridades portuguesas para a sua extradição para Sevilha, confirmando o ódio de D. Francisco de Bruna para com Diego e o seu ascendente e poder sobre a justiça espanhola e portuguesa.Em Barrancos sempre se ouviram histórias de bandoleros de Sierra Morena, cujas ações se estendiam até às terras da Contenda, Campo de Gamos e Cansalobos, atrás do cemitério. O mesmo poderá ter sucedido com o António Ramirez, ou melhor Diego Corrientes, mas nada está confirmado, por enquanto.
Lenda ou realidade, uma coisa é certa, em Barrancos há Ramirez. De apelidos, não de modo de vida.



Retirado daqui

4 comentários:

IANTT disse...

Excelente articulo, y muy interesante.
un cordial saludo
IANTT- Jesus

romcadur disse...

Lenda ou real, toda a lenda tem algo de verdade, só assim poderá ser acreditada pelo público que a lê.

Há na realidade muitos Ramires em Barrancos, que eu saiba nenhum é ou foi "Robim dos Bosques" de Sierra Morena
Como são diferentes os tempo que correm, pois há hoje quém roube aos pobres para dar aos ricos.
Será que se torna necessário pedir que volte António Ramires com a finalidade de equilibrar o estado da justiça social?

Desde miudo que ouvi falar nos bandidos de Sierra Morena, mais tarde pensei tratar-se de Curro Himenez, fio sempre encantando quando leio algo semelhante e ainda mais quando alude a Barrancos,como no caso de personagens celébres que por aqui passaram durante a Guerra.

Jacinto Saramago disse...

Nota do autor.

Curro Gimenez era outro bandolero, talvez mais conhecido devido ao filme, com o mesmo nome, que passou na tv espanhola.

cpts

Anónimo disse...

Curro Gimenez também andou muitos anos pela Sierra Morena, na zona dos Picos de Aroche e da fronteira com Barrancos. Foi com base nesses factos que foram efetuadas gravações para a série nesta zona.