Realizou-se ontem, à tarde, entre as 18h00 e as 20h15, a segunda conferência do Encontros do Museu, sob o tema "O Pós-Guerra Civil de Espanha". Numa plateia com pouco público, cerca de cinquenta pessoas muito interessadas e informadas, foram intervenientes a Davínia Roman, realizadora espanhola, António Guillen (Chamizo), investigador espanhol de Aroche e José Rodrigues Simão, investigador e autarca de Mértola. A conferência, moderada pelo presidente da CMB, António Tereno, foi apresentada pela vice-presidente da CMB, Isabel Sabino.
No documentário de Davinia Roman, "Memorias de la Frontera", que encerrou o debate, foram analisadas as questões relacionadas com o levantamento militar de Franco que precedeu a guerra, a ocupação das cidades e "pueblos" andaluzes pelos nacionalistas e as perseguições e fuzilamentos de republicanos ou simpatizantes que lhes seguiram. O documentário, com imagens impactantes, não esqueceu os apoios e as solidariedades dos povos da fronteira, em especial Barrancos, bem como a actividade/negócio do "contrabando da fome", que contribuiu para o sustento económico e social duma vasta região raiana e das suas populações.
Do documentário, destaque especial para as intervenções de barranquenhos, tais como a tia Angela Pelicano (refugiada de Aroche), do tio António Currito, da tia Remédios, do tio Marujo, actualmente muito doente, bem como da tia Xica Maruja, do tio Celestino Gavino e da tia Rosa "Polaina". Os seus depoimentos, enquadrados pelas imagens e pelas explicações de historiadores e especialistas nestas temáticas, constituem verdadeiros documentos históricos que vale a pena recolher, divulgar e preservar, para voltar a ver.
Na conferência faltou público, especialmente numa temática tão dolorosa e triste que marcou uma ou duas gerações de barranquenhos: a guerra civil espanhola e o contrabando "da fome". Mas, foram também absentistas quem têm a competência (responsabilidade?) pela transmissão do conhecimento aos mais jovens, para recordar e jamais esquecer factos, acontecimentos e as misérias que foram vivida, não há muito tempo, pelas nossas populações e povos vizinhos.
Isabel Sabino, António Chamizo, António Tereno, José Simão e Davínia Roman
Início do génerico do documentário
Sou suspeito, mas não ficaria bem com a minha consciência se não divulgasse publicamente o seguinte: "Parabéns às técnicas do Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos - o serviço municipal mais dinâmico, profissional e interventivo -, que idealizaram e puseram em prática um projecto cultural que já vai na terceira edição: o "Encontros do Museu". Este ano, tal como nas suas anteriores edições, foi um sucesso pela qualidade dos oradores intervenientes e pelos temas abordados. O Museu Municipal prova que, com pouco ou quase nenhum custo, é possível organizar iniciativas de inegável interesse cultural e científico. Está de parabéns a Domingas Segão, historiadora, a Lídia Segão, arqueóloga e a Anónia Oliveira (Toninha), técnica de restauro/conservação, as obreiras deste encontro."
6 comentários:
Parabéns às técnicas do Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos e a ti Jacinto, por manter sempre informados aos que estamos longe.
Um beijinho,
Aurora
Diz-se que cada historiador, cada história; Há muito que se perde na recolha e na transmissão impirica daquelio que os gfactos foram na realidade.
No entanto é sempre bom que se fale e se escreva sobre factos que despotas quizeram esconder.
Todos sabemos que é dificil haver isenção ou ser isento assim contam os factos veridicos de "agarras" de "demochileros" e retirada do material sobrecarregando ainda mais os agregbados paupérrimos desse tempo; Entratanto nada se fazia contra aqueles que transportavam em veículos seus centenas de quilos; Contamos pelos dedos de uma mão casos destes.
Assim se fazia a vida em Barrancos entre mochila e mochila; Tenho pena de não estar aí para de uma forma activa poder intervir com a experiência vivida de um mochilero.
Parabens pelo evento, que ele contribua para perdurar em memória
aquilo que um povo não deve passar.
Jacinto, obrigada pelo apoio...!
Obrigada também à Aurora...sempre atenta ao que por aqui acontece!
Domingas Segão
Em minha opinião,penso que a memória de um povo não é curta,e particularmente a do nosso povo"Barrancos".Entristece-me,quando vejo que este excelente espaço municipal,recentemente inaugurado foi alvo de falta de público,por uma temática tão importante,na 2ª conferência sobre "O pós guerra civil de Espanha".
Recordo,em minha casa desde sempre,quando a discussão era propícia,falávamos da importância que o povo de Barrancos teve no sentido humanista,relativamente à guerra civil de Espanha.Neste conteúdo,julgo que os Barranquenhos,progenitores mais novos, têm um trabalho a fazerem naturalmente,para que a nossa génese se mantenha e esta conferência, foi uma mais valia para o reconhecimento da nossa identidade.Sendo assim,deveríamos ser,participativos,reconhecer e averiguar,todos os motivos que nos informam da nossa identidade.
Julgo ser pertinente,como venho a manifestar já algum tempo,um" Movimento Independente por Barrancos" de forma a dinamizar e reforçar a identidade Barranquenha,sem qualquer aspirações,que não sejam mais que a identidade BARRANQUENHA.
Tói Guerreiro
Aproveitando o post, uma vez que o evento foi no cineteatro, para quando um cineminha em uma sexta ou sábado à noite?
Nota do autor, em resposta ao anónimo/a das 22h35:
Um cineminha?! As conferências e a projecção dos documentários históricos não conta?! São desinteressantes?
Cpts.
Jacinto Saramago
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