Decorreu esta sexta-feira, dia 18, no Salão Nobre dos Paços do Município de Barrancos, a 4ª edição do projecto “em.cantos", promovido pelo Instituto Politécnico de Beja (IPB), em parceria com a Câmara Municipal.
Nesta edição participaram Ana Paula Figueira, professora do IPB e moderadora, António Pica Tereno, presidente da CMB e anfitrião, Dulce Simões, antropóloga, Raul Lopes, professor do ISCTE e Nuno da Câmara Pereira, fadista. Estiveram também presentes, como participantes convidados, António Baena, director da Barrancarnes, Manuel Baleizão Chamorro, vitivinicultor de Barrancos e Carlos Rio Carvalho, representante do Parque Natureza de Noudar (PNN). À iniciativa associou-se também o governador civil de Beja, gen. Manuel Monge.
Antes do início dos trabalhos os intervenientes foram recebidos pelo presidente da CMB e vereadores, Isabel Sabino e António Gavino, no Museu Municipal de Arqueologia e Etnografia de Barrancos, que visitaram, tendo tido a oportunidade de saborear uma pequena mostra da doçaria tradicional barranquenha, que muito foi apreciada.
Seguidamente, já no Salão Nobre dos Paços do Município cheio de público, a prof. Ana Paula Figueira, abriu os trabalhos e introduziu o tema para debate, lançando de imediato o desafio para as questões do desenvolvimento local, dos modelos de desenvolvimento e dos “péssimos acessos de estradas que servem Barrancos”.
António Tereno, na qualidade da presidente da CMB e anfitrião, depois de agradecer as presenças de participantes e público, começou a sua intervenção afirmando que Barrancos sempre foi um dos municípios mais periféricos e isolados do País, mas a sua “centralidade" geográfica, em relação ao território peninsular, “deve ser explorada e potenciada como uma mais-valia comparativa”. No domínio das acessibilidades disse que o estado de degradação das estradas que “nos ligam” ao resto do País deve envergonhar os governantes portugueses", recordando que os traçados (e os pavimentos) são os mesmos desde a construção, há quase 100 anos, apesar das tímidas intervenções pontuais, que nada alteraram!
Dulce Simões, aproveitando a sua experiência no estudo das memórias orais, em especial as relacionadas com as problemáticas da guerra civil espanhola na raia, analisou as questões complexas das relações sociais e de dependência patrões (latifundiários) vs trabalhadores do antigamente com alguma forma de paternalismo vivenciada nalgumas comunidades rurais nos nossos dias.
Raul Lopes, seguindo a provocação da moderadora, centrou a sua intervenção explicando as mudanças e/ou novos paradigmas do desenvolvimento, passando pelo modelo social e económico seguido em Portugal desde os “famosos” planos de fomento do Estado Novo, sem esquecer as questões da globalização, das políticas de competitividade e da “sã” concorrência entre territórios, regiões e municípios.
Nuno da Câmara Pereira, dirigiu a sua intervenção para as questões da política ambiental e das alterações climáticas (Copenhaga 2009 entrava na fase final sem acordo), alertando para as consequências da desertificação e o despovoamento quase todal dum vasto território (Alentejo).
Manuel Baleizão Chamorro falou sobre sua recente actividade de vitivinicultor, desafio que assumiu em 2002 com o apoio do filho, que já pensa expandir adquirindo novos terrenos.
Carlos Rio de Carvalho, fez uma breve retrospectiva da herdade hoje conhecida como Parque Natureza de Noudar, “filho” duma medida de compensação ambiental pela inundação do regolfo da albufeira de Alqueva, passando pelos principais projectos desenvolvidos e/ou em curso.
Antonio Baena, explorou um pouco as potencialidades e os saberes locais para explicar o projecto Barrancarnes, que hoje se assume como uma das maiores empresa da região, que produz e exporta o Presunto de Barrancos (DOP) para quase todo o mundo, reconhecido como produto de Qualidade e Excelência.
Foram duas horas de debate muito animado e rico em intervenções de oradores e de participantes.
2 comentários:
O salão nobre da Câmara pelo seu simbolismo, pelo facto de aí se realizarem as reuniões do executivo e da Assembleia Municipal, logo não existir em barrancos sítio mais digno, como se vê pelas fotos, este parece não reunir as condições para este tipo de eventos tão importantes para o desenvolvimento de Barrancos, como é óbvio por razões de espaço, assim deixo algumas questões:
- Para quando a inauguração do Cine teatro?
- Ou, o Parque de Feiras e Exposições não tem umas instalações maiores/melhores para a realização de este tipo de eventos?
Caro anónimo:
O cineteatro será inaugurado brevemente e o Parque de Exposições não está vocacionado para este tipo de iniciativas.
O encontro "em.cantos" esteve muito bem instalado no salão da CMB.
Cpts.
Jacinto Saramago
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