Em Barrancos, perdeu-se a tradição de "passar o serão ao fresco"?
Dantes, numa noite de verão, uma pessoa "bem falada" que entrasse (p. ex.) na rua de Sº Bento, a partir das 21h00, vindo do Altossano ou da Rua da Cruz, tinha de dizer e de ouvir, mais de uma centena de "boas noites"! Hoje, nesta noite, quem faça esse percurso, à mesma hora, não deve encontrar vivalma. A rua deve estar "deserta", e não é por causa das redes sociais, nem da TV.
Não quero com isto dizer que "já ninguém se senta ao fresco" em Barrancos. Não! Ainda há, aqui ou ali, gente que gosta de passar um pouco da noite "sentada na rua, ao fresco". Mas, é uma imensa minoria, e sem interlocutor/a para manter uma conversação.
Entretanto, em Algar, uma localidade de Cádiz, com uma população praticamente igual à de Barrancos (1435 habitantes), "los vecinos se han movilizado para defender la tradición de hablar en las puertas de las casas durante las tardes de verano", e sueñan con convertir las "charlas al fresco" en Patrimonio Cultural Imaterial de la Humanidad".
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Rua de Sº Bento, vista do largo do Cemitério, num dia 26 de dezembro de 2007 Foto: LMJ (Arquivo, eB, 2014) |