terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Subsídios para a História de Barrancos - a compra do castelo de Noudar

Faleceu no passado dia  4 de janeiro, o Dr. Júlio Castro Caldas (73 anos), advogado, antigo Bastonário das Ordem dos Advogados e ministro da justiça do XIV governo constitucional (1999-2001), do primeiro-ministro António Guterres.
Para quem não se lembra, o Dr. Castro Caldas "faz parte da história do complexo processo de compra-venda do castelo de Noudar", em 25 de junho de 1997.
Quando, nos anos de 1995/1997 se pensou em “recuperar” o castelo de Noudar, que pertencia a particulares - e já estava a ser cobiçado, entre outros, pela família Domecq e pelos Pereira Coutinho, - na iminência de perder um ex-libris do Património Barranquenho, o Município de Barrancos não hesitou em pedir ajuda ao então Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Júlio Castro Caldas que, de forma graciosa, disponibilizou todo o apoio através de um seu colaborador, Dr. António Figueiredo. Foi neste "envolvimento" que que se conseguiu juntar todos os herdeiros de Dona Dorinhas (D. Maria das Dores Blanco Fialho), e finalmente acertar a venda conjunta da Herdade da Coitadinha, na qual se incluía o Castelo de Noudar, Património Nacional desde 1910.
A escritura pública de compra-venda da herdade da Coitadinha, que incluía o castelo de Noudar,  à EDIA e ao Município de Barrancos, decorreu numa das recuperadas casas do Castelo, a 25 de junho de 1997. Para a memória histórica, recorda-se que a venda só foi possível por força de um Protocolo de Colaboração estabelecido entre o Município de Barrancos e a EDIA, baseado nas compensações ambientais devidas pela construção da barragem de Alqueva, em que participaram ativamente, em apoio da CMB, o presidente e o vice-presidente do Conselho de Administração da EDIA, Dr. Adérito Serrão e o Dr. Marques Ferreira (recentemente falecido).
Recorde-se, também, que a partir do século XVIII, a história deste castelo é a de um abandono progressivo, consumado em 1893 com a sua venda a um privado, João Barroso Domingues, importante proprietário de Barrancos. Só em 1997, mais de um século depois, é que o Município conseguiu (re)adquirir o conjunto, desenvolvendo-se, a partir de então, o projecto de investigação arqueológica sistemática iniciada em 1981 com o apoio científico do Campo Arqueológico de Mértola.
Entretanto, em 21 de março de 2006, no âmbito da inauguração do Parque Natureza de Noudar, a EDIA e a CMB celebram um protocolo de cooperação onde se reconhece a potencialidade  ambiental, económica e turística de todo o espaço -  herdade da Coitadinha e Castelo de Noudar - e se estabelecem os critérios de gestão e articulação entre as duas entidades.
(in BM, julho/agosto 1997 - Arquivo eB, 25-06-2007)

1 comentário:

romcadur@gmail.com disse...

Para valvar o património que é o castelo, foi bom na altura, no entanto hoje hajamos que poderiamos ter ficado com tudo, a propriedade e o castelo. nunca pensamos que aquelas terras divididas em 150 hectares davam para alimentar 10 familias num modelo de rendatários a tempo útil.

Outro sim poderia ter sido já feito com a Contenda, pois só não trouxeram a divisão do concelho as ruas de barrancos porque não quizera, mais ainda me lembro de haver ceareiros, muitos a explorarem parcelas.

Por agora é interessante como o investimento da EDIA tem na realidade rentabilisado a propriedade. ainda bem