quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Cemitério Público de Barrancos

O Cemitério de Barrancos foi construído há cerca de 155 anos. No graderio da porta surge a data "1858". Situado no cimo da encosta de Sº Bento, surge altaneiro e vigilante sobre a Vila e o seu entorno, incluindo a Espanha.
Até meados do séc. XIX os enterramentos eram tradicionamente feitos no interior das igrejas, nos adros, nos terrenos envolventes, ou seja no campo santo.  Em Barrancos não seria diferente.
Uma lei de 1845 de Costa Cabral (mais tarde Marques de Tomar), que veio contrariar este costume, determinava que os enterramentos passassem a ser feitos em cemitérios, fora das povoações, como medida de protecção da saúde pública. Esta lei provocou uma reação contrária das populações, sobretudo no norte do País, que ficou conhecida como a  Revolta da Maria da Fonte.
Em Barrancos, provavelmente não seria diferente, mas os enterramentos dos seus mortos passaram para o cemitério "fora da povoação",  menos de 10 anos depois da aprovação lei.                            
Na atualidade o Cemitério de Barrancos  vem sendo administrado pela Junta de Freguesia, mediante delegação de competências do Município, por acordo de cooperação celebrado em 26/06/1996, revisto e atualizado em 28 de junho de 2000 e em 27 de abril de 2001 (Aviso nº 4533/2001).
A melhoria das condições sociais e económicas das famílias, sobretudo a partir de 1974, mudou os hábitos e os costumes de enterramento. Começaram a aparecer as sepulturas nos “ocos”, abandonando-se progressivamente as sepulturas temporárias “na terra”. A procura de terrenos (lotes) para sepulturas perpétuas, na sua maioria em vida, para a construção dos “ocos” levou ao esgotamento dos terrenos disponíveis obrigando à ampliação do cemitério por duas vezes.                    
A primeira ampliação foi efetuada pelo Município entre 1979/81. As obras, executadas por administração direta, implicaram a construção de elevados muros de suporte e foi necessário uma grande logística para transportar centenas de carradas de terra em tractores municipais e alguns camiões alugados.                                                                                                                             
Nesta intervenção construíram-se gavetões, mas praticamente todos continuam livres. Caíram em desuso, sem ter sido utilizados.                                                                                                          
A continuação da procura de terrenos para sepulturas conduziu a nova sobrelotação do cemitério, nos finais do séc. XX, sendo necessário arranjar rapidamente uma solução. A suspensão da venda de terrenos e a segunda ampliação foram as alternativas adoptadas pelas autoridades locais.
Enquanto a Freguesia de Barrancos, administradora do cemitério, suspendia a venda de terrenos, o Município que tinha mais capacidade financeira, procedia em 2003 à adjudicação da empreitada das obras de “ampliação do cemitério” à firma Maurício LTO Construções, Lda, por um preço que rondaria os 113 mil euros. As obras ficaram concluídas em 2005. Em 25 Agosto de 2010 a CMB ratifica a assinatura do auto de receção definitiva das obras e autoriza a devolução da caução ao empreiteiro.
Se a mortalidade se mantiver constante, Barrancos vai precisar de “novo” cemitério no início da próxima década!
Entrada do Cemitério
Alçado principal, com Capela Mortuária ao centro
Jazigo Familiar. Fotos: eB, 09out2012
Vista aérea do cemitério de Barrancos. Imagem: Bing

1 comentário:

Jacinto Saramago disse...

Nota do autor:

Na edição original deste post, surgiu por erro indesculpável, o nome de Marques de Pombal. Um leitor anónimo chamou a atenção para o lapso, e o texto já se encontra corrigido. A lei citada foi aprovada no tempo de Costa Cabral, que foi mais tarde marques de Tomar. Sebastião de Carvalho e Melo, Marques de Pombal morreu em 1782.

As minhas desculpas aos leitores.

Cpts.