sexta-feira, 20 de julho de 2012

Faturas de alojamento, restauração, cabeleireiros e oficinas dão descontos no IRS de 2013

O Governo aprovou esta quarta-feira, dia 18, uma norma que permite a dedução de 5% do imposto sobre o consumo - IVA (até ao limite de 250 euros) - incluída em faturas que titulam prestações de serviços dos sectores de manutenção e reparação de veículos, alojamento, restauração, cabeleireiros e similares.
Diz o governo que o objectivo desta medida é aumentar a receita fiscal e combater a economia paralela. Mas, em linguagem popular, esta medida é uma espécie de perseguição aos estabelecimentos identificados em título. Tal como na farmácia, toda a gente vai pedir fatura. A penalização para quem não emita faturas, que passam a ser obrigatórias a partir de 2013, poderá ascender a cerca de 3.750 por infração! De uma penada, o governo transforma os cidadãos em fiscais das finanças. Dá-me fatura. Ai não dás, então vou à GNR. Esta poderá ser o dia-a-dia num estabelecimento comercial...
Para que os contribuintes beneficiem do máximo de incentivo ao combate à evasão fiscal, com uma dedução em IRS de 250 euros, o agregado familiar terá de gastar, em 2013, mais de 26 mil euros em reparação automóvel, alojamento, em restauração e cabeleireiros, algo como 2228 euros por mês!
A partir de agora, para "aproveitar" este "benefício fiscal" (um pechincha, portanto!), vamos ter de jantar fora todos os dias, dormir no hotel ou numa das casas de hóspedes locais, pelo menos duas vezes na semana, cortar o cabelo dia sim, dia não, levar o carro à oficina de quinze em quinze dias!!! Mas não se esqueça da fatura!
Ah!.. já agora, se só bebe um café, ou uma mini, ou um copito ao balcão, por dia, não vale a pena pedir fatura! Só vai dar trabalho (e gastar papel) à Fátima, à Ana, ao António, à Guida, ao Carlos, etc.. Mas, se é daqueles que apanha uma bebedeira diária, então sim, exija a fatura, pode abater ao IRS e comprova a data da borrachêra.
Enfim, coisas da crise. O peixe miudo vai ser pescado; o peixe graúdo,...continua em alto mar!!

5 comentários:

Aires Monteiro Gonçalves disse...

O comentário mais apropriado é "sem comentários".!!!

Acrescente-se que uma factura pedida a um advogado não é englobada nesta medida.
E não se esqueça do nº de contribuinte em casa, se quer receber algum. Algum? Façamos cálculos simples

Se toma 3 bicas diárias, gasta por dia 1,80 Euros e ao fim de um ano :366x1,80=658,80 Euros.
O valor do imposto será:151,524 e deste finalmente receberá cerca de 7 Euros (7,5762).

Então o indígena (se é que toma os três cafés diários no mesmo sítio) pode propor ao merceeiro que lhos vende que seja ele a dar-lhe estes sete euros pela troca da não exigência de factura durante todo um ano.
Assim, o indígena ganha, o merceeiro também, as relações entre ambos melhoram, nascerá um novo negócio, e o Estado deixa de contar consigo como seu empregado (cobrador) ao preço da chuva.

Ora, esta história, não deixa de ser uma estória com futuro.

Ha! ainda pode ser vista de outra maneira: se nas despesas anuais previstas que faz, só se contar o café e você quer ganhar o máximo de 250 EUROS sempre pode preparar-se para tomar 100 cafés por dia (a 60 cts). Contudo, não esqueça que para tal, tem de desembolsar cerca de 22000 EUROS !!! durante o ano
Um abraço
Aires

Jacinto Saramago disse...

Nota do autor:

Caro Aires, o seu comentário acrescenta tudo aquilo que foi por dizer no post.
Esta "medida fiscal" terá impato nulo em 99,9% dos consumidores; dela só poderá beneficiar quem tiver rendimentos elevados e conseguir gastar 23 mil euros/ano (em dormidas; jantaradas; penteados; arranjos de carros; etc..) mas estes, reforço, não precisam de 250 euros de beneficios. Já têm outros benefícios.

Mas, o que está subjacente nesta medida, e que o governo não diz, é que as pessoas ficam iludidas com o expetável beneficio e pedem fatura por tudo e por nada (bebo um café, passe lá fatura..) e mal daquele comerciante, mecânico ou barbeiro que não a passe; será logo denunciado pelo cliente que passa a ser um bufo das finanças (ou será fiscal das finanças?).

Estamos no princípio... a carga ideológica (conservadora, liberal, ou...) deste governo não tem limites... com o pretexto troikano.

Cpt.

disse...

Estamos todos malucos?

Se alguma vez eu for apanhado a pedir uma factura por um café k tenha consumido, fique desde já a saber-se que contra o vendedor tenho algum caso antigo que pretendo ver vingado.

(O mesmo pensarei se vir alguém fazer o mesmo.)

De outro modo sentirei vergonha.
E nunca defendi nem defenderei qualquer fuga aos impostos, mas prendas destas só se dão mesmo aos amigos. E quem destes tiver não precisa de inimigos.
As ervas daninhas (a começar pela Relva baldia) estão a invadir propriedade privada.
Um abraço
Aires

João Carlos Claro disse...

Caro Jacinto

"pedem fatura por tudo e por nada (bebo um café, passe lá fatura..)"

Não é preciso fatura manuscrita em papel, apenas o talão da máquina referindo uma venda a dinheiro, numerada e discriminando o IVA, o qualquer registadora faz.

Jacinto Saramago disse...

Caro JOão
Segundo a proposta governamemtal, é necessário que a indentificação do consumidor através do NIF (nº de contribuinte). Não serve o talão de venda a dinheiro, salvo se tiver esses dados.

Cpts